O presidente da Comunidade Intermunicipal (CIM) do Ave afirmou este sábado que as medidas anunciadas este sábado pelo Governo, que afetam sete dos oito concelhos da estrutura, “são bem-vindas” se “ajudarem a criar condições” para controlar o novo coronavírus.

Em declarações à Lusa, Raul Cunha mostrou-se, no entanto, preocupado com o “impacto económico” na região das medidas hoje anunciadas pelo primeiro-ministro para 121 concelhos.

Fafe, Cabeceiras de Basto, Mondim de Basto, Guimarães, Póvoa de Lanhoso, Vizela e Vila Nova de Famalicão são concelhos da CIM do Ave e fazem parte dos 121 abrangidos, a partir de quarta-feira, pelo dever cívico de recolhimento domiciliário, novos horários nos estabelecimentos e teletrabalho obrigatório devido à Covid-19.

“Achamos bem no sentido que todos desejamos criar condições para combater e controlar a propagação desta doença [Covid-19]. Tudo o que possa ajudar nesse sentido, evitando aglomerações de pessoas, são medidas bem-vindas”, afirmou Raul Cunha.

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A preocupação do também autarca de Fafe está no “impacto económico” que estas medidas podem ter: “Haverá reflexo na economia, por exemplo, o facto de não se poderem fazer feiras e mercados, algo característico desta área e um setor que já foi muito fustigado na primavera, mas também já temos medidas para mitigar esse impacto, embora se vá fazer sentir também no comércio tradicional, na restauração, hotelaria”, enumerou.

Segundo Raul Cunha, “é difícil o equilíbrio no binómio entre o que é necessário fazer para combater a pandemia e o impacto disso na Economia, mas neste momento é preciso focar o combate ao novo coronavírus”.

Questionado sobre se considera as medidas suficientes, o autarca afirmou “esperar que sim” mas deixou porta aberta a outras.

“Eu espero que sim, que sejam suficientes, mas essa avaliação só poderá ser feita daqui a 15 dias. Há mais medidas que podem ser tomadas, como o recolhimento obrigatório, algo a que não nos iríamos opor se fosse avaliada a sua eficácia”, referiu.

Raul Cunha salientou ainda que a comunicação do António Costa sobre o que foi decidido em Conselho de Ministros teve “uma outra coisa boa”, além das medidas anunciadas: “Passa a haver um critério de definição. São os 240 casos por cada 100 mil habitantes, deixa de ser discricionário, há um critério objetivo e isso é bom”.

António Costa anunciou esta noite, depois de quase 10 horas de Conselho de Ministros, novas medidas para combater o aumento de casos de covid-19 no país.

Os restaurantes nestes 121 concelhos do continente não poderão ter mesas com mais de seis pessoas e o seu horário de fecho passa a ser as 22h30, os estabelecimentos comerciais terão de fechar, na generalidade, às 22:00.

Nos 121 concelhos em que existem 240 ou mais casos por 100 mil habitantes ficam proibidas as feiras e os mercados de levante, e os eventos e celebrações ficam limitados a cinco pessoas, exceto nos casos em que os participantes pertencem ao mesmo agregado familiar.

A pandemia de Covid-19 já provocou mais de 1,1 milhões de mortos e mais de 45,6 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 2.507 pessoas dos 141.279 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.