Os dirigentes do G20 comprometeram-se este domingo a fazer todos os esforços para garantir o acesso equitativo às vacinas contra a covid-19, de acordo com a declaração final de uma cimeira virtual, marcada por um tom consensual e pobre em anúncios concretos.

“Não desistiremos de nenhum esforço para garantir o acesso acessível e equitativo [às vacinas, testes e tratamentos] para todos”, refere o documento final apresentado pelo G20, citado pela agência France-Presse.

Neste encontro ficou definido que a Indonésia será a anfitriã do G20 em 2022 e a Índia em 2023.

“Inicialmente a presidência da Indonésia esa prevista para realizar-se em 2023. Contudo, nesse ano a Indonésia terá também a presidência da ASEAN [Associação de Nações do Sudeste Asiático]. Por isso foi acordado a Índia a troca de presidência”, explicou o ministro indonésio dos Negócios Estrangeiros, Retno Marsudi.

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A cimeira das 20 maiores potências económicas mundiais realizou-se, este ano, em formato virtual e aconteceu sob a presidência da Arábia Saudita, o que suscitou críticas das organizações da defesa dos direitos humanos.

Num momento em que a pandemia matou quase 1,4 milhões de pessoas pelo mundo, os presidentes e chefes de estado afirmam “apoiar totalmente” os dispositivos montados pela Organização Mundial da Saúde para assegurar que as vacinas não sejam destinadas apenas aos países mais ricos.

Os membros do G20 prometem responder “positivamente às necessidades de financiamento que ainda existem”, numa altura em que começam a delinear as campanhas de vacinação em larga escala.

Os Estados Unidos da América anunciaram hoje que esperam começar a sua campanha de vacinação ainda na primeira quinzena de dezembro. Os laboratórios privados e os Estados do G20 competem há vários dias para anunciar o progresso das futuras vacinas.

Contudo, o G20 não mencionou explicitamente o montante de 28 mil milhões de dólares (cerca de 23,6 mil milhões de euros), dos quais 4,2 mil milhões de urgência, reclamados pelas Nações Unidas para fazer face à pandemia.

Outro dos temas sobre os quais era esperada uma tomada de posição por parte do G20 era a dívida dos países pobres, que está a aumentar, fruto do cataclismo económico provocado pela pandemia.

Os dirigentes do G20 prometem implementar uma iniciativa de suspensão do serviço da dívida (ISSD/DSSI), já adotada, e que permite aos países pobres suspender até junho de 2021 o pagamento dos juros da dívida.

As Nações Unidas esperavam que este perdão fosse estendido até final de 2021. Os países do G20 remeteram para os respetivos ministros das Finanças a análise deste pedido e prometem uma resposta na próxima primavera.

As grandes potências, que já gastaram 11 mil milhões de dólares para salvar a economia mundial, afirmam estar determinadas a continuar a utilizar todos os instrumentos disponíveis para apoiar uma recuperação “desigual” e “muito incerta”.

As conclusões da cimeira destacam um tom mais harmonioso nas questões conflituosas dos últimos anos como o clima e o comércio, os ‘cavalos de batalha’ favoritos de Donald Trump, atualmente mais ocupado em contestar a sua derrota nas eleições presidenciais dos EUA.

Sobre o meio ambiente, saiu, por exemplo, o parágrafo que os EUA inseriram no texto da conclusão da reunião do G20 no ano passado, em Osaka, para marcar claramente a diferença nesta matéria.

Assim, as grandes potências do G20, sob a presidência saudita, prometem “enfrentar os desafios ambientais mais prementes”.

O resto da declaração diferencia cuidadosamente entre os signatários do Acordo de Paris e os outros e, portanto, os EUA, embora o presidente eleito, Joe Biden, tenha prometido trazer o seu país de volta ao sistema.

Donald Trump, que no sábado tinha abandonado rapidamente os debates para ir jogar golfe, aproveitou hoje uma intervenção, diante dos homólogos, para criticar novamente o Acordo de Paris, que, segundo o próprio, “não foi concebido para salvar o ambiente, mas foi concebido para matar a economia americana”.

Em relação à trocas comerciais, os membros do G20 consideram ser “mais importante do que nunca sustentar um sistema comercial multilateral” e assegurar “regras do jogo equitativas”.