Uma reviravolta surpreendente que deixou o Governo “estupefacto”. Ou, nas palavras do grupo parlamentar do PS, uma “bomba atómica”. A maratona de votações parlamentares do Orçamento do Estado ia longa quando o PSD decidiu votar ao lado do Bloco de Esquerda e aprovar uma proposta de alteração que impede o Fundo de Resolução de injetar mais dinheiro no Novo Banco, os tais 476 milhões de euros já tinham provocado um folhetim entre António Costa e Catarina Martins. Sem essa previsão de despesa, e sabendo que o banco precisará em todo o caso de uma injeção de capital, o Executivo socialista pode ser obrigado a levar ao Parlamento, algures em meados do próximo ano, um Orçamento Retificativo. Pormenor: dependerá sempre do PSD — e isso tem um peso político.

“O primeiro-ministro não disse que no dia em que dependesse do PSD apresentava a demissão? Então…”, sugere ao Observador fonte da bancada social-democrata. À hora da publicação deste artigo, o Observador sabe que não há qualquer intenção da parte dos sociais-democratas de recuarem e mudarem o sentido de voto. O braço de ferro é mesmo para manter.

A outra hipótese seria o CDS, que se absteve na votação da proposta do Bloco de Esquerda. Assim que se recompôs do choque, o Governo voltou-se imediatamente para o partido liderado por Francisco Rodrigues dos Santos — se o CDS mudasse o sentido de voto de abstenção para voto contra a proposta do Bloco não passaria. Seria a repetição do que aconteceu a propósito da redução do IVA da luz, quando Francisco Rodrigues dos Santos salvou o Orçamento do Estado para 2020, inviabilizando a ‘coligação negativa’ de PSD e restante esquerda.

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