O CDS pede a audição “com carácter de urgência” do secretário de Estado da Saúde, Francisco Ramos, que lidera a “task force” para estruturar o processo de vacinação contra a Covid-19. Em comunicado, o partido afirma que as informações do Governo sobre esta matéria são “escassas, avulsas e contraditórias”.

“Além de ser muito preocupante o atraso de Portugal em todo este processo e as informações contraditórias que o Governo tem vindo a dar, é fundamental que o Parlamento esteja devidamente informado sobre todo o plano de vacinação contra a COVID-19, e que o possa acompanhar, pela sua evidente centralidade e relevância”, escreve a deputada Ana Rita Bessa no comunicado.

O CDS recorda que “há mais de um mês que Comissão Europeia endereçou um pedido a todos os Estados-Membros para que desenhassem os seus planos de vacinação contra a Covid-19” e sublinhou que em vários países, como Alemanha, Reino Unido, França e Espanha “já estarão concluídos esses planos e em apresentação pública todo o detalhe da operação de administração de uma vacina”, assim que chegue ao mercado.

Em Portugal, no entanto, “ainda não se conhece qualquer plano de vacinação e só agora foi criada uma “task force” que deverá estruturar todo este processo”, lamenta o CDS.

O partido entende ainda que há uma contradição entre o despacho do Governo, desta quinta-feira — que coloca a liderança dessa “task force” em Francisco Ramos e aponta para a apresentação um plano em 30 dias — e as declarações da ministra da Saúde no dia anterior, em que afirmou que “há muito que Portugal se está a preparar para receber a vacina” e que o plano de vacinação para a Covid-19 seria apresentado “nos próximos dias”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Há muito que Portugal se está a preparar para receber a vacina da Covid-19”, disse Marta Temido em conferência de imprensa, recordando o anúncio feito pelo primeiro-ministro, em agosto, de que Portugal tinha autorizado a compra de 6,9 milhões de vacinas.

Marta Temido: risco de Portugal não estar pronto quando as vacinas contra a Covid-19 estiverem disponíveis é “zero”

“À decisão de autorização da despesa, os nossos técnicos têm vindo a trabalhar no sentido da identificação dos espaços, dos equipamentos necessários para acomodar o armazenamento de vacinas”, afirmou ainda a ministra da Saúde na quarta-feira. “E portanto, neste momento, aquilo que continuamos a fazer é garantir que estamos preparados para receber as várias tipologias de vacinas que poderão vir a entrar no mercado. Essa é a garantia que podemos deixar aos portugueses”, disse a ministra, que deixou a promessa de divulgação de um plano para a vacinação “nos próximos dias”.

O CDS considera que “não se podem repetir os erros e lacunas que têm estado a acontecer com o plano de vacinação da gripe sazonal” e diz estar “apreensivo relativamente a esta matéria, mais ainda, porque existe a possibilidade de que as farmacêuticas que estão a produzir as vacinas contra a Covid-19 tenham reservas quanto ao envio de doses para países que não tenham os sistemas de “delivery” bem montados”, como diz ser o caso de Portugal. “Pelo menos, não fez prova disso”, escreve a deputada Ana Rita Bessa.