A líder parlamentar do PS, Ana Catarina Mendes, considera que a demissão da diretora do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) “peca por tardia” e que o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, deveria dar as “justificações” necessárias sobre a morte de um cidadão ucraniano, Ihor Homeniuk, nas instalações do SEF, no aeroporto de Lisboa, para que se quebre um “silêncio ensurdecedor”.

Eu acho francamente que a diretora do SEF se deveria ter demitido de imediato“, disse a socialista no programa Circulatura do Quadrado, na TVI24. Considerando que o caso é “suficientemente grave”, Ana Catarina Mendes critica Cristina Gatões pelo “silêncio em que esteve durante meses como se não tivesse acontecido nada”. “A entrevista que deu há alguns dias revelam o pouco cuidado que houve num caso de tamanha gravidade”, afirmou.

À TSF, Ana Catarina Mendes disse que Eduardo Cabrita tinha de ser ouvido pelo Parlamento com brevidade, mas que considera que este tem condições para continuar como ministro da Administração Interna.

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Ana Catarina Mendes também pede que Eduardo Cabrita quebre o “silêncio” que tem existido sobre o caso. Embora defenda que “o ministro esperou que houvesse resultados dos relatório, fez a comissão que tinha de fazer, os inspetores vão ser presentes à justiça”, pede que “quando for ao Parlamento, [o ministro] possa responder o que sabe” — apesar de, numa entrevista recente, Cristina Gatões ter dado “a sensação de não ter contado tudo”. A líder parlamentar do PS espera, por isso, “que se quebre um silêncio ensurdecer para todos nós”.

A presidente da bancada do PS disse à TSF que “é estranho” que tenha sido aprovada na semana passada em sede de comissão parlamentar uma audição de Eduardo Cabrita com caráter de urgência “e até agora não houve nenhum contacto” com o Ministério da Administração Interna. “Entendo que essa audição [parlamentar] trará elementos adicionais em relação a tudo aquilo que se sabe.”

A socialista também não poupa críticas ao comunicado de quarta-feira do Ministério da Administração Interna sobre a demissão da responsável do SEF. “É muito pouco confortável para quem defende o Estado de direito e quem pretenda que as forças de segurança e o SEF nos defendam e aos cidadãos que entram em Portugal”, afirmou.  Já uma medida como a instalação de um botão de pânico “significa que alguma coisa vai mesmo muito mal“.

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Ana Catarina Mendes defende, porém, que este caso não faz “a história do SEF”, que tem “muito bons profissionais e um papel histórico e reconhecido internacionalmente”.

Sobre o  processo de reestruturação do SEF, que deverá estar concluído no primeiro semestre de 2021, Ana Catarina Mendes diz: “A anunciada reestruturação do SEF tem de ter em conta o papel de Portugal na defesa dos Direitos Humanos”. E acrescenta: “Se há mais inspetores que abusam da força policial, que abusam da sua posição perante pessoas que chegam a Portugal, devem ser punidos”.

Atualizado às 18 horas com as declarações de Ana Catarina Mendes à TSF.