Ainda que não tenha sido uma surpresa absoluta, a notícia caiu como uma bomba pelo timing: depois de uma goleada imposta ao Estrasburgo, com a equipa qualificada para os oitavos de final da Liga dos Campeões depois de ter ficado no primeiro lugar do grupo e a um ponto da liderança da liga francesa. De repente, na véspera de Natal, toda a comunicação social francesa garantia que o PSG já tinha despedido Thomas Tuchel e que o substituto seria Mauricio Pochettino.

“C’est fini”. Tuchel, bicampeão e vencedor de quatro taças em dois anos, demitido do PSG

Ainda assim, os dias foram passando e não existia confirmação oficial. Uma confirmação oficial que só surgiu esta terça-feira, através de um comunicado de três parágrafos publicado no site do clube. “Depois de uma análise profunda da situação desportiva, o PSG decidiu terminar o contrato de Thomas Tuchel”, começa por referir a nota, que elenca depois tudo o que o treinador alemão alcançou desde que chegou a Paris. “Thomas Tuchel tornou-se o treinador do PSG em julho de 2018 e orientou o clube 127 vezes em todas as competições, com 95 vitórias, 12 empates e 20 derrotas (342 golos marcados, 109 sofridos). Ganhou dois títulos da Ligue 1 em 2019 e 2020, a Taça de França e a Taça da Liga francesa em 2020, duas Supertaças em 2018 e 2019 e ainda levou o PSG à primeira final da Liga dos Campeões da história do clube no passado mês de agosto”, enumera a nota, que ainda acrescenta declarações de Nasser Al-Khelaïfi, presidente e CEO dos franceses.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Gostaria de agradecer ao Thomas Tuchel e ao seu staff por tudo aquilo com que contribuíram para o clube. O Thomas pôs muita energia e paixão neste trabalho e claro que vamos recordar os bons momentos que partilhámos juntos. Desejo-lhe o melhor para o futuro”, disse o empresário natural do Qatar. Com a confirmação da saída do técnico alemão do Parque dos Príncipes, os rumores de que será mesmo Mauricio Pochettino o próximo treinador do PSG voltaram a agigantar-se. O jornal Le Parisien garante que o clube francês está a terminar o acerto de todos os detalhes com o argentino de 48 anos e que o ex-técnico do Tottenham já deve estar presente na reapresentação do plantel, agendada para o próximo dia 3 de janeiro — assim como no próximo jogo, contra o St-Étienne, no dia 6.

O jornal francês indica ainda que a demora no anúncio oficial da saída de Thomas Tuchel se deveu às negociações com o treinador alemão, que rescindiu a seis meses do final do contrato e vai por isso levar consigo uma indemnização que deve rondar os seis milhões de euros. Fabrizio Romano, um jornalista italiano que é especialista no mercado de transferências de jogadores e treinadores, confirmou todas as informações do Le Parisien e acrescentou que o PSG ainda teve em cima da mesa os nomes de Thiago Motta e Massimiliano Allegri — um ex-jogador do clube que começou a carreira de treinador nos Sub-19 do PSG e o ex-técnico do AC Milan e da Juventus — mas que a prioridade foi sempre Mauricio Pochettino.

Assim, Pochettino deve mesmo voltar ao trabalho pouco mais de um ano depois de ter saído do Tottenham, substituído por José Mourinho, após cinco épocas ao serviço dos spurs. O treinador argentino, que permaneceu a viver em Londres para acompanhar a carreira de jogador do filho Maurizio, regressa assim ao PSG, onde esteve enquanto jogador entre 2000 e 2003 e ganhou uma Taça Intertoto. Os detalhes do contrato de Mauricio Pochettino ainda não são conhecidos mas já é certo que o argentino vai herdar um balneário difícil que teve, em certa parte, alguma responsabilidade na saída de Thomas Tuchel.

Responsável pela primeira final da Liga dos Campeões da história do clube, o treinador alemão foi sempre uma figura de bastidores num plantel que tem nomes como Neymar, Mbappé e Di María. A relação conflituosa com Leonardo, o todo-poderoso diretor desportivo do PSG, também não ajudou o técnico alemão — que, no início da temporada, ficou desagradado com ausência de contratações importantes para fazer face às saídas de Thiago Silva e Cavani para Inglaterra. Ainda assim, e apesar de ter ficado desempregado a meio da época, fica a ideia de que Thomas Tuchel tem várias opções para um futuro próximo. Associado ao Manchester United no início do mês, quando Solskjaer estava a viver uma fase pouco positiva em Old Trafford, a imprensa inglesa garante agora que o alemão é um nome que agrada ao Chelsea caso Frank Lampard não consiga reverter a atual crise de resultados dos blues.