Francisco Figueiredo, dirigente da Fesaht, afirmou esta segunda-feira à Lusa que a CP — Comboios de Portugal não quis assumir os 20 trabalhadores da Servirail, de prestação de serviços de refeições e alojamento depois de denunciar o contrato com a empresa.

A Federação dos Sindicatos de Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal (Fesaht) vai reunir-se esta terça-feira com a CP, no Ministério do Trabalho, para tentar resolver esta questão, que significa que os funcionários estão, neste momento, sem trabalho, segundo o mesmo responsável.

De acordo com Francisco Figueiredo, a Servirail notificou os sindicatos de que, com esta denúncia, os contratos de trabalho passam para a CP, mas a operadora terá rejeitado. A Fesaht alerta ainda que os trabalhadores em causa poderão não ter acesso aos documentos para o subsídio de desemprego, acentuando as suas dificuldades. De acordo com Francisco Figueiredo esta questão faz com que os funcionários da Servirail possam ficar “sem salário até ao final de fevereiro” enquanto decorrem as diligências nesse sentido.

Além disso, a Fesaht irá voltar a questionar a CP, em outra reunião no mesmo dia, sobre a situação dos trabalhadores dos bares dos comboios de longo curso, que está num impasse desde novembro. Estes serviços foram suspensos nos comboios da CP devido à pandemia e ainda não estão a funcionar a 100%.

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A Lusa contactou a CP, mas ainda não foi possível obter resposta.

A CP denunciou o contrato que tinha com a Servirail para a prestação de serviços de refeições e alojamento nos comboios internacionais, que estão suspensos desde março, confirmou à agência Lusa a empresa, em 1 de outubro.

Em comunicado divulgado nesse dia, a Fesaht deu conta das conclusões de uma reunião no Ministério do Trabalho com a Servirail, que pertence ao grupo Newsrest e “explora os comboios internacionais que fazem os percursos Lisboa-Madrid e Lisboa-Hendaye (Lusitânia e Sudexpresso), e a CP Comboios de Portugal, S. A., tendo em vista a retoma da atividade destes comboios parados desde o dia 17 de março”.

Nesse encontro, “a CP informou que denunciou o contrato de prestação do serviço de refeições e alojamento que mantinha com a Servirail há vários anos”, disse a Fesaht, alertando que esta denúncia “sem que haja um novo concurso público para o mesmo serviço, põe em causa o futuro dos 20 postos de trabalho afetos a este serviço”.

Contactada pela Lusa nessa altura, a CP referiu que “as ligações internacionais ferroviárias (comboios Sud e Lusitânia) mantêm-se suspensas, conforme informação já divulgada pela CP e pela [espanhola] Renfe. As duas empresas estão a trabalhar soluções alternativas para a retoma destas ligações internacionais, com modelos de serviço que conduzam à redução dos prejuízos que lhe estão associados”. A transportadora disse que, “estando suspensa a realização destes comboios, o serviço de bordo mantém-se igualmente suspenso”, explicando que “o contrato estabelecido com a Servirail para este serviço termina em 31 de dezembro de 2020”.

Foi nesse contexto que, com a data de 90 dias de antecedência, a CP emitiu a carta de denúncia do referido contrato, que visa apenas confirmar a já prevista não renovação do mesmo”, indicou.

Por sua vez, a Servirail “confirmou a receção da denúncia do contrato por parte da CP e declarou que está a ponderar iniciar dentro de dias um processo de despedimento coletivo”, indicou a Federação.

Recorde-se que estes trabalhadores estão sem trabalhar desde o dia 17 de março, estiveram em ‘lay-off’ até 31 de julho, foram altamente penalizados nos seus salários, estão cansados de estar em casa, querem ocupar os seus postos de trabalho e desenvolver a sua atividade profissional, sendo que alguns trabalham neste serviço há 30/40 anos e, agora, foram confrontados novamente com um novo regime de ‘lay-off'”, rematou a Federação.

A CP garantiu, por sua vez, que “quando estiver definido o novo modelo de exploração para estas ligações ferroviárias, entre a CP e a Renfe, será lançado novo processo de contratação de serviços de bordo, adequado ao formato e exigências desse novo modelo”, segundo a resposta enviada à Lusa.