Cerca de 80% das máscaras certificadas pelo Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário (CITEVE) não irão cumprir os novos critérios mais apertados para as máscaras sociais que podem vir a ser adotados pelo Centro Europeu para Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC), avança o jornal Público esta quinta-feira.

De acordo com o director-geral Braz Costa, o CITEVE certificou mais de três mil modelos de máscaras, sendo que 80% destas têm apenas uma capacidade de filtração de entre 70% e 90%. Isto significa que só um em cada cinco modelos certificados pelo CITEVE tem um grau de filtração superior a 90%, refere também o Jornal de Negócios.

Ora, se o o Centro Europeu para Prevenção e Controlo das Doenças decidir recomendar uma capacidade de filtração acima dos 90%, mais de 2400 modelos terão os dias contados em termos comerciais.

A disseminação de novas variantes de Covid-19, com maior capacidade de transmissibilidade da doença, levou vários países europeus, como a França, a Alemanha e a Áustria, a reforçar as medidas de prevenção da propagação da pandemia. Entre estas a proibição da utilização de máscaras comunitárias e a obrigatoriedade das máscaras FFP2.

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Em declarações ao Público, o diretor-geral do CITEVE, Braz Costa, diz não estar de acordo com a decisão destes países, estimando que haja dez mil a 15 mil pessoas na produção de máscaras comunitárias.

Já o presidente da Associação Nacional das Industrias de Vestuário e Confeção afasta a possibilidade de um impacto negativo nos postos de trabalho, mas critica a “falta de suporte científico” para que os países avancem com este tipo de medidas.

Na quarta-feira, a Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) alertou para a pouca eficácia de muitas máscaras faciais caseiras na proteção do novo coronavírus, sobretudo das novas variantes, e sugeriu a obrigatoriedade de utilização de máscaras cirúrgicas.

Em declarações à Rádio Observador, Braz Costa garantiu que há tecnologia e capacidade produtiva para produzir máscaras com um nível de filtração superior a 90%, ou até mesmo superior a 95%.

“Na altura em que as autoridades de saúde definiram os critérios para as máscaras comunitárias, seria tonto que uma empresa estivesse a investir mais recursos para produzir máscaras do nível [de filtração] 90% se poderiam colocar no mercado máscaras do nível 70%. Agora, isso não quer dizer que essas empresas não tenham capacidade para o fazer”, esclareceu.

Porém, apontou que os meios para atingir esse nível não são talvez acessíveis a todas as empresas que estão a produzir máscaras.

O diretor-geral do CITEVE falou ainda no impacto que esta situação tem na indústria nacional, nomeadamente no que se refere aos países de destino das exportações portuguesas que têm vindo a optar pelas FFP2, descartando as máscaras comunitárias.

Braz Costa considerou ainda que os países que fazem esta limitação não o fazem pela performance nem pelas caraterísticas da máscara, mas sim pelo tipo de máscara, decisão que diz não compreender. “A Alemanha não limitou pelo nível de proteção”, acusou.

Apesar dos efeitos negativos, realçou que também há vantagens, uma vez que assim há maior capacidade produtiva instalada para satisfazer o mercado interno.

Citeve. “Portugal está pronto a aumentar eficácia das máscaras”