“Não é que faça mal, é preciso é saber se faz alguma coisa de bem”, alertou esta noite Paulo Portas, no seu habitual comentário de domingo no jornal da TVI, referindo-se à vacina desenvolvida pela farmacêutica britânica AstraZeneca em colaboração com a Universidade de Oxford.

Horas depois de a presidente da Comissão Europeia ter anunciado a resolução do impasse nas negociações com a farmacêutica, que concordou entregar à União Europeia 40 milhões de doses da sua vacina anti-Covid-19 até ao final de março, Portas recordou que “não há evidência de qual é a repercussão da vacina da AstraZeneca nas pessoas com mais de 65 anos”.

Tudo porque dos estudos clínicos feitos com a vacina praticamente não constaram voluntários com idades mais avançadas, o que faz com que o resultado anunciado de 90% de eficácia, defendeu Portas, não passe de “publicidade enganosa”. Como se não bastasse, acrescentou ainda o comentador, países como Alemanha, Estados Unidos e Itália já aconselharam os seus cidadãos acima dos 65 anos a não receberem as vacinas da AstraZeneca. Pelo menos até serem conhecidos mais estudos. Em Portugal, o Infarmed ainda não decidiu sobre se a vacina será indicada para todas as faixas etárias ou não, mas deverá fazê-lo até ao próximo dia 9 de fevereiro, dia em que a vacina vai chegar ao país.

Em análise à participação de António Costa esta semana no programa Circulatura do Quadrado, do mesmo canal, Paulo Portas criticou a postura do primeiro ministro relativamente à assunção de responsabilidades face o aumento de contágios em Portugal da chamada estirpe inglesa do SARS-CoV-2. “É difícil aos políticos fazerem o reconhecimento dos seus erros. O Dr. António Costa foi à Circulatura do Quadrado e, muito pressionado pelos seus antigos colegas, lá admitiu que podia ter feito uma coisa diferente. Mas depois, em concreto, disse ‘se eu tivesse sabido antes'”, acusou o comentador, para depois acusar o Governo de ter sido “muito pouco responsável” desde o momento em que o Reino Unido anunciou a descoberta da estirpe, a meio de dezembro, até ao momento em que Portugal voltou a confinar, mais de um mês depois.

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Sobre a garantia que Costa deixou no programa de que o ministro Tiago Brandão Rodrigues nunca teria proibido os estabelecimentos particulares de ensino de darem aulas online, durante a interrupção letiva vigente, Paulo Portas foi ainda mais cáustico: “Ou nós já não sabemos Português, ou não conseguimos perceber o Primeiro Ministro ou o Primeiro Ministro não consegue perceber o seu ministro da Educação”.

Ainda na temática da vacinação, o comentador deixou um recado a Francisco Ramos, que este sábado à noite, também em entrevista à TVI, argumentou que não administrar a segunda dose da vacina aos cidadãos não prioritários que a receberam indevidamente seria incorrer num “espírito vingativo”, que disse associar “àqueles 11% ou 12%” que votaram na candidatura de André Ventura nas presidenciais de há uma semana.

“Só pedia que alguém dissesse ao coordenador da task force que evitasse declarações de natureza partidária. Isto é uma tarefa nacional, tem de ter o apoio de toda a gente”, disse Paulo Portas. “Afirmações destas, para além de serem injustas e não verdadeiras, do ponto de vista factual, não o beneficiam.”