Afinal, Cascais só vai receber 100 vacinas na próxima semana e não as 3.335 que estavam previstas, denunciou ao Observador o presidente da Câmara, Carlos Carreiras. O autarca explicou que foi montada uma estrutura num dos pavilhões do município com 10 cabines, para começar a vacinação em massa às pessoas com mais de 80 anos e com doenças de risco, mas que agora é grande demais.

Fomos informados que iríamos ter 3.335 vacinas durante as próximas seis semanas — já de si era um número bastante baixo em relação à população de Cascais, mas percebemos as dificuldades que têm havido. Ontem fomos surpreendidos que esses 3.335 se reduziam a 100 vacinas na próxima semana”, afirmou.

Carlos Carreias lamenta que já tinha “tudo preparado” para avançar com a vacinação em massa. “Há o investimento todo que fizemos, desde as próprias instalações físicas, as cabines, toda a parte informática, frigoríficos, segurança, enfim”, enumera, acrescentando: “Não conseguimos compreender como é que poucos dias antes ainda se falava em 3.335 vacinas e agora se reduz para 100″.

Pode ouvir aqui a entrevista do Presidente da Câmara de Cascais à Rádio Observador:

Entrega de vacinas reduz-se. “Não conseguimos compreender”, desabafa presidente da Câmara de Cascais

O autarca reconhece que não vai perder o investimento feito porque será mantido “tudo como estava previsto”. “Não temos dúvidas que se tratará de um atraso. Neste caso, mais tarde do que mais cedo, vamos ter a necessidade de ter estas instalações preparadas, de ter todo o pessoal alocado”, afirmou. Mas espera que o atraso não seja de tal modo “longo” que leve a que o investimento feito seja perdido: “Acredito que será recuperado nas próximas semanas”.

Carlos Carreiras afasta a hipótese de este atraso estar relaciona com o facto de as vacinas terem sido distribuídas para outras regiões que “o que se passa com a Câmara de Cascais, passa-se pelo menos com Câmaras da Área Metropolitana de Lisboa”. “Grande parte delas fizeram um investimento para poderem administrar as vacinas aos cidadãos e foram confrontadas com esta decisão abrupta da indisponibilidade de vacinas”, lamentou, adiantando que “a única justificação que foi dada é que não há vacinas”.

Ao final da noite de quinta-feira, Carlos Carreias já tinha recorrido ao Facebook para lamentar a situação. Numa publicação explicava que tinham sido montadas 10 cabines “com divisória para duas pessoas ao mesmo tempo”. O que daria para cinco pessoas por instalação durante a próxima semana. No entanto, como a autarquia irá receber apenas 100 vacinas, “dará para 1 por dia”. “Ridículo”, escreveu.