Angela Merkel ainda não foi vacinada contra a Covid-19, mas também não tem pressa. A chanceler alemã revelou na quarta-feira em entrevista ao jornal Frankfurter Allgemeine que antes dela devem vir “educadores de infância” e “professores do 1.º ciclo”, dado que enquanto política consegue mais facilmente “manter uma distância de segurança”, ao contrário das pessoas daquelas profissões. Divulgou ainda que não lhe será administrada a vacina da AstraZeneca, devido às recomendações das autoridades alemãs que desaconselham a sua toma a pessoas com mais de 65 anos.

A chanceler considera “correto” tomar apenas a vacina quando chegar a sua vez, seguindo as orientações da Comissão Permanente de Vacinação. “Os mais vulneráveis e os mais idosos têm de ser vacinados primeiro, bem como os que não conseguem manter a distância no seu local de trabalho” — e aí incluem-se professores e educadores de infância.

Os atrasos da vacinação na Alemanha

O processo de vacinação na Alemanha, que está abaixo da média da União Europeia, foi um dos temas abordados na entrevista. O país, no qual cinco milhões já tomaram pelo menos a primeira dose e onde dois milhões estão completamente imunizados, tem planos para aumentar a velocidade da administração. Segundo a chanceler, expera-se que nos próximos meses “seja possível administrar 7,5 milhões a 9,5 milhões de doses numa semana”.

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Os problemas por detrás do atraso da vacinação prendem-se com a decisão alemã de que as pessoas com mais de 65 anos, que pertencem a grupos de risco, não podem ser vacinadas com a vacina da AstraZeneca, ao contrário do que decidiu a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) a semana passada. E Angela Merkel também explica que “muitas doses da vacina da BioNTech estão apenas reservadas para a segunda dose”.

Relaxamento de medidas para os não vacinados? “Ainda não chegamos lá”

Confrontada com a hipótese da diminuição de restrições para aqueles que já foram vacinados, Angela Merkel recusa a ideia, dizendo que ainda não há dados suficientes que comprovem que os imunizados à doença não a possam transmitir. Mas não descarta reavaliar a situação no futuro: “Se a vacina já tiver sido administrada a um número suficiente de pessoas e algumas não a quiserem tomar, teremos de considerar se deve haver entradas e saídas em certas áreas para aqueles que já foram vacinados. Mas ainda não chegamos lá”, atira a chanceler.

Angela Merkel saudou ainda o facto de que cada vez mais alemães queiram ser vacinados. A vontade “está a crescer”, disse. E mostrou-se contra a vacinação obrigatória: “É desaconselhável”, considerando não ser “necessário”, devido à “grande disposição da população para ser vacinada”.

Sobre o futuro desconfinamento do país, Merkel adiantou que vai estar dependente da introdução de um sistema de testes rápido gratuito, que deverá estar funcional a partir de março.