A coordenadora do BE defendeu esta sexta-feira que o desconfinamento deve ser feito de “forma cautelosa”, mas manifestou preocupações em relação à ausência de um programa do Governo para recuperar cuidados de saúde e adaptar as escolas para a reabertura.

Em declarações aos jornalistas na sede do Bloco, depois de uma reunião virtual com trabalhadores de cantinas, Catarina Martins afirmou que “o desconfinamento deve ser feito de uma forma cautelosa, naturalmente, até tendo em conta a pressão que ainda existe sobre o Serviço Nacional de Saúde”.

Questionada sobre se o partido concorda com a manutenção do confinamento até à Páscoa, conforme defendeu na quinta-feira o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a bloquista disse estar “a aguardar os números”, que no seu entender devem “ser analisados com mais tempo”, embora o país esteja a registar uma descida do número de infetados.

“Em condições de baixa de número de contágio, com os mecanismos de saúde pública implementados, é preciso pensar no desafinamento criando as condições para esse desconfinamento existir”, considerou Catarina Martins.

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O facto de o país não conhecer o programa de Governo nem para adaptar as escolas para um desconfinamento quando for possível nem para recuperar cuidados de saúde logo que seja possível é do nosso ponto de vista preocupante”, sublinhou a coordenadora do BE.

Na ótica de Catarina Martins, “tão grave como desconfinar apressadamente será esperar para desconfinar nas condições anteriores sem terem sido criadas novas condições de segurança”.

O BE entende, por isso, que o Governo deve adotar um modelo que “permita a reabertura mais cedo de escolas, nomeadamente para os ciclos de ensino mais jovens com segurança”, recusando a ideia de que as escolas “ou estão abertas como estavam antes da pandemia ou estão encerradas”.

Não é possível crianças e jovens passarem dois anos da sua vida confinados, sem terem acesso à escola. Nós já vamos em um ano de pandemia e nós sabemos, porque é isso que nos diz a ciência, que não vai haver uma vacinação a nível global tão depressa que a pandemia vá acabar nos próximos meses”, reforçou.

Catarina Martins considerou possível fazer “desdobramento de espaços, desdobrar turmas”, assim como “impor rastreios regulares na escola” de forma a que estes estabelecimento de ensino possam reabrir em segurança.

Deve também ser ponderado inserir “o pessoal docente e não docente que está na linha da frente” como prioritários no plano de vacinação, referiu.

A coordenadora do Bloco salientou que não “compreende que o Governo não ponha no terreno nem os apoios sociais nem os apoios económicos básicos para segurar este país que está a fazer tudo o que pode para controlar a pandemia”.

“Há muitas trabalhadores neste momento sem nenhum rendimento, há muitas famílias em situação de desespero”, realçou.

O Presidente da República desaconselhou na quinta-feira um desconfinamento antes da Páscoa, por “uma questão de prudência e de segurança”, argumentando que esse período é “arriscado para mensagens confusas ou contraditórias”.

Numa declaração ao país, Marcelo Rebelo de Sousa, pediu também que se estude e prepare com tempo o futuro desconfinamento, escolhendo sem precipitações o momento de desconfinar, para não repetir erros.