Michał Haratyk, da Polónia, foi campeão europeu ao Ar Livre e em Pista Coberta. David Storl, da Alemanha, é um dos lançadores com mais currículo na especialidade, contando no currículo com uma prata nos Jogos Olímpicos de 2012, três medalhas em Mundiais ao Ar Livre (duas de ouro), outras tantas em Mundiais de Pista Coberta (sempre de prata), três em Europeus ao Ar Livre (todas de ouro) e quatro em Europeus de Pista Coberta (uma de ouro). Tomás Stanek, da Rep. Checa, ganhou o bronze em Mundiais de Pista Coberta e prata e bronze em Europeus de Pista Coberta. Depois veio Francisco Belo. A medalha em 2019 ficou à distância de 28 centímetros.

Francisco Belo termina final do peso nos Europeus de Pista Coberta em quarto com novo recorde pessoal

Apesar de não partir como favorito, o português poderia num outro contexto ter chegado à sua primeira grande medalha. Não conseguiu. Agora, partindo na mesma posição de outsider (Francisco Belo era o atleta com pior lugar no ranking europeu entre os oito finalistas do concurso), era esse de novo o objetivo, como ficou bem patente na fase de qualificação em que conseguiu não só passar em primeiro como bater o seu recorde pessoal. 

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Mais um: Francisco Belo bate recorde pessoal e consegue melhor marca de qualificação para a final do peso nos Europeus de Pista Coberta

“No último ensaio cheguei a pensar em não lançar porque estava garantida a qualificação [por repescagem]. Mas acabei por me decidir, para mexer as pernas e dar-me mais motivação para a final. A verdade é que juntar o à vontade de estar qualificado, com a vontade de lançar o mais longe possível deu na queda do recorde pessoal… Não é uma coisa garantida, não posso controlar o que os outros lançam, se lançassem mais eu ficava de fora. Agora é continuar, cada vez que se passa um objetivo, há outro a alcançar” comentou o lançador à Lusa após a qualificação.

Francisco Belo foi um dos destaques do Twitter da European Athletics antes da final, por ter feito o melhor registo da qualificação (e sendo um dos dois únicos atletas a conseguirem superar a marca mínima de qualificação) como atleta com pior ranking europeu entre os finalistas (15.º), atrás de nomes de peso como Michal Haratyk (2.º),  Tomás Stanek (3.º), Filip Mihaljevic (4.º), Mesud Pezer (7.º) ou Armin Sinancevic (8.º). Entre a elite europeia, só não estava presente o polaco Konrad Bukowiecki e a dupla Bob Bertemes (Luxemburgo) e Leonardo Fabbri (Itália), que acabou por ficar de forma surpreendente de fora do momento decisivo da prova. Mas para o atleta do Benfica, que esteve este ano no último ano de Medicina, a questão dos impossíveis torna-se lateral.

Se a manhã tinha sido excelente, a noite foi ainda melhor: depois de um nulo a abrir a final, o português voltou a bater o seu recorde pessoal e conseguiu também um novo recorde nacional em Pista Coberta com 21,28, mais um centímetro do que Tsanko Arnaurdov, que conseguira também como atleta dos encarnados no Nacional de Clubes de 2018, em Pombal. A partir desse momento, a prova e a possibilidade de medalhas passaria na teoria a depender mais dos outros resultados do que do próprio, com Francisco Belo a descer ao terceiro lugar na terceira ronda de lançamentos, atrás de Michal Haratyk (21,33) e Filip Mihaljevic (21,31) e pressionado pelo também candidato Tomás Stanek (21,24), que virou o concurso ao contrário na quinta tentativa com 21,62, a melhor marca do ano e que acabou por valer uma inédita medalha de ouro na carreira, à frente do polaco Michal Haratyk (21,47).