A fase particularmente conturbada que o Tottenham viveu entre dezembro e fevereiro, depois da derrota no último minuto frente ao Liverpool, resumiu as ambições dos londrinos na Premier League à luta por uma vaga direta na próxima Liga dos Campeões. Mas José Mourinho apostava muito na conquista de pelo menos um troféu esta época. Na Taça da Liga, vai jogar no próximo mês a final com o Manchester City; na Liga Europa, tinha via aberta para a qualificação para os quartos e consequente ascensão a um dos favoritos à vitória na competição. No entanto, 120 minutos de pesadelo frente ao Dínamo Zagreb hipotecaram essas ambições. E o treinador português teve a reação mais dura com os jogadores desde que assumiu o comando dos spurs, a meio da última temporada.

A noite de sonho de Oršić, o herói do hat-trick, abateu um Tottenham pobre: Mourinho eliminado pelo Dínamo Zagreb

“Se esquecer os últimos dez minutos do tempo extra, altura em que fizemos alguma coisa para ir atrás do resultado, houve uma equipa que decidiu deixar tudo em campo. Deixaram tudo, a camisola, a energia, o sangue e até no final do jogo eles deixaram lágrimas de felicidade, muito humildes e comprometidos. Tenho de elogiá-los. Do outro lado, a minha equipa, eu repito, a minha equipa, não parecia que estava a jogar uma partida importante. E se para eles [jogadores] não é um jogo importante, para mim é, pelo respeito que eu tenho pela minha carreira e pelo meu trabalho. Cada partida é importante para mim. Acredito que para todos os adeptos do Tottenham todas as partidas também importam. É preciso outra atitude. Dizer que estou triste não é suficiente porque aquilo que eu sinto neste momento vai muito além da tristeza”, comentou à BT Sport no final da derrota por 3-0, antes de comentar também uma imagem que se tornou viral a aplaudir os jogadores contrários no balneário dos croatas.

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“Acabei de sair do balneário do Dínamo Zagreb. Estive lá para elogiar os rapazes. Entristece-me que uma equipa, que não a minha, vença um jogo tendo por base apenas a atitude e o compromisso. Estou mais do que triste. Futebol não é só sobre jogadores que pensam que têm mais qualidade do que outros. Os fundamentos do futebol são a atitude e centra-se muito nisso. Durante muitos anos tive receio dos meus pensamentos, dos meus sentimentos, mas nunca me senti culpado porque sempre os partilhei. Antes do jogo, alertei os meus jogadores para os riscos de uma má atitude, ao intervalo disse-lhes o risco que era, mesmo com o resultado em 0-0, da forma como estávamos a jogar. Aconteceu. Acredito que os jogadores apenas se aperceberam que o jogo estava em risco quando eles marcaram o segundo golo e fomos para prolongamento”, explicou.

“Nunca gostei do tipo de jogadores que dizem: ‘Eu ganhei, eles perderam’. Para mim, é sempre ‘Nós ganhámos, nós empatámos, nós perdemos’. E vou manter-me assim. Estou desapontado com a diferença de atitude entre as duas equipas. Entristece-me que a minha equipa, à qual eu pertenço e estou incluído, seja a que não trouxe para o jogo os princípios mais básicos do futebol e da vida, que são respeitar, acima de tudo, a nossa profissão e dar tudo”, apontou, acrescentando: “Dizer que estou triste não basta. Respeito totalmente tudo o que alguém ligado ou não ao clube diga sobre nós esta noite. Acho que temos que aceitar, o problema é se alguns aceitam de forma positiva, no sentido de se sentirem magoados ou envergonhados com as críticas. Outra história é se não te importas ou não sentes. Esse é um problema muito mais profundo e complicado. Não preciso sequer dos críticos externos, sinto-me profundamente magoado com tudo o que aconteceu com a minha equipa”.