A desconfiança em relação às vacinas contra a Covid-19 é maior entre as pessoas com menos de 40 anos. A conclusão é de um estudo do Instituto Superior de Administração e Gestão e do Centro de Investigação de Ciências Empresariais e de Turismo, que adianta também que a vacina da Pfizer é atualmente a que inspira mais confiança em Portugal.

Segundo este estudo, é na soma das faixas etárias dos 16 aos 25 anos e dos 26 aos 40 anos que se encontra o maior número de pessoas que dizem não querer ser vacinadas (86% das recusas encontram-se nesse grupo). Dos que não querem ser vacinados, a maioria são mulheres (65,2%). No geral, a recusa em relação a receber a vacina é, ainda assim, minoritária: dos mais de mil inquiridos, 12,8% dizem não querer ser vacinados.

“Ficou, muito evidente que a quase totalidade dos inquiridos pretende tomar a vacina contra a COVID-19, e que há um sentimento de confiança relativamente à mesma, independentemente da marca selecionada”, avançam os investigadores Victor Tavares e Paula Rodrigues, responsáveis pelo estudo e especialistas em gestão da marca, numa nota enviada ao Observador.

Para essa conclusão, baseiam-se nas respostas que indicam que, entre os inquiridos que tomaram ou pretendem tomar a vacina, 76% dizem que essa decisão é muito importante para si e 51,6% que não seria uma decisão difícil; para mais, 45,7% referem que não sentem qualquer insegurança e 73,7% consideram que a vacina é útil no combate ao vírus.

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Quem recusar vacina da AstraZeneca vai para o fim da “fila”

Quanto à marca das vacinas — e mesmo tendo o inquérito sido feito antes dos avanços e recuos a propósito dos possíveis efeitos da vacina da AstraZeneca — também há opiniões diversas: a que recolhe mais pareceres favoráveis é a da Pfizer, uma vez de 34,9% dos inquiridos dizem que a tomariam, seguindo-se a da AstraZeneca (8,7%) e a da Moderna (5,6%). Ainda assim, 37% das pessoas que desejam ser vacinadas não mostram preferência por nenhuma das farmacêuticas.

O estudo foi realizado entre fevereiro e março, através de um inquérito online que chegou a 1.057, explica a mesma nota. Destes, 3,7% já tinham sido vacinados, 18,4% tinham estado infetados com Covid-19 e 15% tinham perdido um familiar ou amigo com esta doença.

A vacina da AstraZeneca volta esta segunda-feira a ser administrada em Portugal continental (a Madeira e os Açores voltaram a usá-la na sexta-feira e no sábado, respetivamente), uma semana depois de ter sido ordenada a sua suspensão, dadas as suspeitas de que poderia provocar coágulos sanguíneos, e de ter ficado, por isso, atrasado o processo de vacinação dos professores do pré-escolar e do 1º ciclo.

Embora mais de duas dezenas de países europeus tenham optado, nas últimas semanas, pela suspensão da vacina, a Organização Mundial de Saúde veio assegurar que não há indicação de que esses efeitos estejam diretamente relacionados com esta vacina em específico e que a relação risco-benefício continua a compensar.

Segundo a Lusa, Portugal administrou 1.348.331 vacinas contra a covid-19 até domingo: 902.527 de primeira dose e 445.804 de segunda dose.