Com apenas três anos de vida, a Cupra é uma forte aposta da Seat, ou não fosse ela a marca mais desportiva e ousada, tanto em termos de tecnologia como de design. Mas, para disputar o mercado entre os construtores com mais raça, a Cupra necessita de produto e de imagem, pelo que nada melhor do que uma conversa com o director de Estratégia, Desenvolvimento de Negócios e Operações da Cupra, Antonino Labate, para ficar a conhecer as cartas que o construtor espanhol tem na manga.

A Cupra surpreendeu recentemente o mercado ao revelar o novo Formentor VZ5, o crossover musculado que estreia o motor 2.5 com 5 cilindros e 390 cv, o que coloca a marca taco a taco com os big boys do segmento. Em relação à possibilidade montar este mesmo motor noutros modelos, Antonino Labate responde com um sorriso algo enigmático: “Acabámos de apresentar o Formentor VZ5 e estamos igualmente muito concentrados no desenvolvimento da nossa gama 100% eléctrica, pelo que vamos deixar para mais tarde esta questão sobre outros modelos que poderão utilizar este motor de 390 cv.” Sendo que qualquer modelo que utilize a mesma plataforma do Formentor, a começar pelo novo Leon, pode, caso seja esse objectivo da Cupra, ter direito a uma versão com quase quatro centenas de cavalos.

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Actualmente, a Cupra joga em vários tabuleiros, pois além dos desportivos mais musculados a gasolina, aposta nos híbridos plug-in e nos veículos 100% eléctricos, preparando o lançamento do Born já este ano, um eléctrico concebido sobre a mesma base do VW ID.3, para o SUV Tavascan surgir pouco depois. A questão é saber como é que a Cupra vai manter o espírito desportivo em eléctricos similares às restantes marcas do Grupo VW. Para Labate, este é um desafio que “os engenheiros estão a resolver, para incrementar a capacidade de gerar emoções instantâneas”. Segundo o estratega da Cupra, os técnicos da marca estão “a recorrer a diferentes elementos, do estilo exterior ao interior, passando por materiais e performance instantânea recorrendo ao boost, mas também a travões mais potentes, suspensões reguladas para um comportamento mais eficaz e, sobretudo, uma sonoridade emocionante”. E isso leva Labate a dizer-se “muito satisfeito com os resultados já alcançados e que ainda estão a ser trabalhados para melhorar”.

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Se para um construtor desportivo os modelos rápidos e com comportamento eficaz são fundamentais, para conquistar o coração dos potenciais clientes é igualmente necessário uma imagem entusiasmante, que tradicionalmente se consegue, por exemplo, através de sucessos na competição. Por isso, o responsável pela Cupra saúda o compromisso da sua marca com a Extreme E, uma espécie de mini-Dakar em alguns dos mais belos pontos do globo, destinada a buggies eléctricos, tipo SUV.

A Extreme E é um excelente laboratório e, com a colaboração dos nossos engenheiros, da equipa ABT e do nosso piloto, Mattias Ekstrom, vamos ganhar muita experiência e vamos perceber como funciona um SUV eléctrico em condições extremas, da fina areia do deserto quente ao gelo do Árctico”, afirma Labate.

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Para o homem do fabricante espanhol, é igualmente importante para a marca e para os seus potenciais clientes “este tipo de competição, em que há emoção e respeito pelo ambiente, especialmente agora que nos preparamos para lançar o nosso SUV eléctrico, o Tavascan”. Questionado sobre o que a Extreme E pode ajudar na evolução dos veículos de série, Labate avança que “neste primeiro ano a base é comum, para facilitar o arranque de todas as equipas, mas em breve cada um vai desenvolver as suas baterias, os seus sistemas de gestão de energia e os seus motores, o que vai representar um desafio extra, sendo aqui que entra o potencial tecnológico da Cupra”.

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Além dos Extreme E, a Cupra vai participar este ano no campeonato eTCR, provas de velocidade em pista com carros de turismo com mecânica eléctrica alimentada por baterias. Sobre qual o melhor veículo para promover a marca, o estratega confessa que “o eTCR está mais próximo dos veículos desportivos de estrada, mas a Extreme E dá-nos mais experiência nos SUV”. Quanto à tecnologia das baterias e dos motores, “os eTCR vão usar neste primeiro ano baterias e sistemas de gestão desenvolvidos pela Williams, enquanto os motores são concebidos e produzidos pala Magelec, sendo iguais para todos os participantes, o que irá mudar nos próximos anos”. A base para o regulamento desta competição é o Cupra e-Racer, que os espanhóis desenvolveram até estar pronto para correr, restando agora aos restantes construtores que participam criar os seus carros de competição a partir desta base. Um pouco à semelhança do que já aconteceu no passado com o WTCC, em que foi o Seat Leon que serviu para dar o pontapé de saída.

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Mas se a competição é boa para a imagem, uns pozinhos de lifestyle não fazem mal algum. Daí que a Cupra tenha enveredado pela indústria náutica, associando-se ao estaleiro espanhol De Antonio para conceber iates mais modernos e amigos do ambiente. “A nossa equipa de design está apta a criar um iate de linhas mais contemporâneas e surpreendentes, como é o caso do D28, com os nossos engenheiros a conceberem uma solução híbrida plug-in”, revelou Antonino Labate.