A Índia ultrapassou esta quinta-feira pela primeira vez a barreira dos 200.000 casos diários de Covid-19, um novo pico nesta segunda vaga de contágios no país asiático, um dia depois de 600 mil pessoas se terem juntado nas margens do rio Ganges para celebrar o maior festival religioso do mundo.

Nas últimas 24 horas foram registadas 200.739 novas infeções, elevando o total desde o início da pandemia para 14 milhões, o que mantém a Índia como a segunda nação mais afetada, em termos absolutos, atrás dos Estados Unidos com 31 milhões. As autoridades anunciaram ainda a morte de 1.038 pessoas nas últimas 24 horas, totalizando 173.123 mortos desde o início da pandemia.

Algumas regiões como o Maharashtra ocidental, a mais afetada de todas no país, já impôs restrições severas, próximas do confinamento total, permitindo apenas o movimento de certos grupos profissionais considerados essenciais.

Ainda assim, segundo o jornal El Espanõl, o festival Kumbh Mela, que começou na segunda-feira, não para: vai realizar-se, na cidade de Haridwar, no norte do país, proporcionando um encontro de peregrinos hindus por várias semanas em celebrações religiosas nas margens do rio Ganges.

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De acordo com o mesmo jornal, na manhã de quarta-feira, dezenas de milhares de fiéis começaram a reunir-se nas margens do rio para celebrar o terceiro “shahi snan”, um dos dias mais auspiciosos do festival. O mergulho desta quarta-feira, considerado o mais importante dos quatro principais do festival, reuniu cerca de 600 mil pessoas que viajaram de todo o país para estarem presentes nesta ocasião, disse o chefe de polícia do evento, inspetor Sanjay Gunjyal, aos meios de comunicação locais.

Segundo o El Espanõl, houve um relaxamento das restrições de movimento em todo o estado de Uttarakhand, ao qual Haridwar pertence, devido a estas comemorações.

Depois de ter conseguido reduzir o número de casos em fevereiro para menos de nove mil, a Índia tem assistido a um rápido aumento das infeções devido à realização de eventos religiosos e comícios eleitorais massivos em várias regiões do país.

O Ministério da Saúde disse esta quinta-feira que para “evitar o pânico” sobre a disponibilidade de oxigénio nos centros de saúde para tratar doentes com coronavírus foram tomadas várias medidas para assegurar o seu fornecimento em todo o país.

As autoridades continuam a salientar que uma das chaves para tentar controlar esta segunda vaga é aumentar os testes para detetar e isolar os infetados. Até agora a Índia realizou cerca de 262 milhões de testes desde o início da pandemia, 1,4 milhões no último dia, algo que é visto como insuficiente em cidades como Nova Deli, onde centros privados têm agora listas de espera de até quatro dias.

A única solução a longo prazo para esta crise é a chamada maior campanha de vacinação do mundo, com mais de 114 milhões de doses administradas desde o seu lançamento em janeiro, das quais 3,3 milhões foram administradas nas últimas 24 horas.