Quem faz mais exercício físico parece estar em menor risco de desenvolver quadros clínicos grave da Covid-19, sugere um estudo norte-americano publicado na revista científica British Journal of Sports Medicine. Após analisar os casos de cerca de 50 mil pessoas na Califórnia que tiveram Covid-19, os investigadores descobriram que quem tinha uma vida mais ativa antes de adoecer tinha uma menor probabilidade de ser hospitalizado e morrer pela doença provocada pelo SARS-CoV-2.

Estes resultados são os mesmos que têm sido obtidos para outras doenças provocadas por coronavírus (como as constipações), assim como por outros vírus. Quem faz mais exercício físico tem menos probabilidade de ficar infetado; e mesmo que acabe contagiado pelos agentes patogénicos, recupera mais rapidamente da doença que eles provoquem. Ou seja, embora a prática desportiva não sirva como imunização, deve ter vantagem no desenvolvimento de respostas imunitárias contra invasores.

A vantagem parece especialmente evidente nas pessoas que praticam exercícios aeróbios, como a caminhada, corrida, natação ou dança, por exemplo. Um outro estudo, este publicado em fevereiro no The International Journal of Obesity, demonstrou que as pessoas que caminhavam rapidamente tinham menos probabilidade de desenvolver Covid-19 do que quem caminhava lentamente, mesmo em pessoas obesas, que estão mais propensas a ter quadros clínicos mais preocupantes.

Os 48.440 voluntários que participaram neste estudo, todos eles maiores de idade, foram divididos em grupos, tanto em função do tempo semanal que reservavam ao exercício físico (10 minutos ou menos no grupo menos dedicado e 150 menos ou mais no grupo mais dedicado), como em função dos fatores de risco para o desenvolvimento de Covid-19 grave — como doenças cardíacas, idade ou peso. Houve duas vezes mais internamentos entre quem fazia menos exercício do que em quem fazia mais desporto.

Robert Sallis, o médico que liderou o estudo, concretizou em entrevista ao The New York Times que “ser sedentário era o maior fator de risco”, exceto em quem era idoso ou tinha feito transplante de órgãos. É que, mesmo nos indivíduos que eram apenas moderadamente ativos na prática desportiva, houve 20% mais internamentos do que no grupo mais ativo e a probabilidade de morrer de Covid-19 era 30% maior. “Não se pode fazer muito quantos aos outros fatores de risco. Mas pode-se fazer desporto”, disse Sallis.

O conselho do médico é que as pessoas façam pelo menos 30 minutos de caminhada em ritmo acelerado cinco dias por semana. E, quando chegar o tempo disso, tomar a vacina: “Nunca sugeriria que alguém que faz exercícios regularmente considerasse não tomar a vacina. Mas até que eles sejam vacinados, acho que o exercício regular é a coisa mais importante que se pode fazer para diminuir o risco. A prática regular de exercício provavelmente será uma proteção contra quaisquer novas variantes”, defendeu Robert Sallis.

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