Será preciso recuar a abril de 2017 para encontrar um mês com um maior número de desempregados registados do que daquele que esta terça-feira o Instituto de Emprego e Formação Profissional identificou no boletim referente a março. Até ao final do mês passado, estavam registados nos Serviços de Emprego do país, 432.851 desempregados, a quarta subida consecutiva e um valor que só tem paralelo em quatro anos — nesse mês de abril de 2017 foram registados 450.961.

Este valor, no entanto, não tem em conta a procura de emprego por meios informais, que é captada pelos inquéritos do Instituto Nacional de Estatística, nem a relação com a população ativa, que permite o cálculo da taxa de desemprego. Até ao momento, o INE tem diponível a taxa de desemprego até fevereiro, quando atingiu os 6,9%.

Em março, o total de pedidos de emprego atingiu os 611.958, que, além do desemprego registado, junta ainda 46.892 pedidos de empregados; 114.146 pedidos de pessoas que estão sem trabalho, mas que estão integrados em programas de emprego ou formação profissional, “com exceção dos programas que visem a integração direta no mercado de trabalho”; e há ainda 18.069 pedidos de pessoas que estão indisponíveis temporariamente (desempregados ou empregados que não reúnem condições imediatas para o trabalho por motivos de doença).

O IEFP indica que o total de desempregados registados foi “superior ao verificado no mesmo mês de 2020 (+89 090 ; +25,9%)”, tendo para isso contribuído “todos os grupos do ficheiro de desempregados, com destaque para as mulheres, adultos com idade igual ou superior a 25 anos, os inscritos há menos de um ano, os que procuravam novo emprego e os que possuem como habilitação escolar o secundário”. Face ao mês anterior, há um aumento de 1.008 desempregados, +0,2%.

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O desemprego registado aumentou em todas as regiões do país. O IEFP indica que “dos aumentos homólogos, o mais pronunciado deu-se na região do Algarve (+54,6%), seguido de Lisboa e Vale do Tejo (+40,7%) e da região da Madeira com +30,6%”.

No Continente, os grupos profissionais mais representativos abrangem trabalhadores não qualificados (25,2%); trabalhadores dos serviços pessoais, de proteção segurança e vendedores (23,5%); pessoal administrativo (11,5%); trabalhadores qualificados da indústria, construção e artífices (9,9%) e especialistas das atividades intelectuais e científicas (9,7%).

Na comparação com o mesmo mês do ano passado, destacam-se os trabalhadores dos serviços pessoais, de proteção segurança e vendedores (+44,,4%), representantes do poder legislativo, orgãos executivos, dirigentes, directores e gestores sociais (+30,4%) e técnicos e profissões de nível intermédio(+26,8%).

Dos 373.396 desempregados no Continente, 73,5% tinham trabalhado em atividades do sector dos serviços, com destaque para as atividades imobiliárias, administrativas e dos serviços de apoio (29,2%). Havia ainda 19,5% do setor secundário, nomeadamente da construção (6,0%).