A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou nesta quinta-feira que a iniciativa europeia intitulada “Novo Bauhaus Europeu” quer “tornar o Pacto Ecológico Europeu tangível e palpável”, argumentando que os cidadãos “devem sentir” o projeto europeu.

“A política e a economia são necessárias [para o projeto europeu], mas não são suficientes. Precisamos de mais. Precisamos de uma narrativa comum que não chegue apenas aos nossos cérebros, mas também aos nossos corações e almas, precisamos de senti-la: é precisamente esse sentimento que o Novo Bauhaus Europeu quer criar para o Pacto Ecológico Europeu”, afirmou Von der Leyen.

A presidente da Comissão Europeia falava durante a sessão de abertura de uma conferência dedicada ao Novo Bauhaus Europeu, uma iniciativa lançada pela Comissão Europeia em janeiro que visa aliar um movimento cultural e estético com a transição climática, através da mobilização de designers, arquitetos, engenheiros ou cientistas para “reinventar um modo de vida sustentável”.

Afirmando que o Novo Bauhaus Europeu quer “tornar o Pacto Ecológico Europeu tangível e palpável” ao “adicionar uma dimensão cultural à transformação tecnológica e económica”, Von der Leyen disse que isso é “essencial” para que a UE se torne no “primeiro continente neutro em carbono até 2050”. “Para conseguirmos chegar lá, precisamos de uma transformação real da nossa sociedade e economia e um debate sobre como podemos viver respeitando a natureza e o nosso planeta”, apontou.

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A presidente da Comissão Europeia aludiu assim ao movimento Bauhaus original, fundando em 1919 na Alemanha e que dá o nome à iniciativa apresentada pelo executivo comunitário, para referir que o movimento em questão “não se tornou num movimento mundial por sorte”, havendo “três ingredientes” no sucesso do Bauhaus original que devem “inspirar” a nova iniciativa europeia.

O primeiro, referiu, foi que o Bauhaus original surgiu “num momento de profunda transformação” e os seus fundadores procuraram “responder às necessidades emergentes de uma nova era” através de “soluções funcionais, acessíveis, mas também bonitas”. “O Novo Bauhaus Europeu também procura esta mistura entre a estética e acessibilidade, mas queremos adicionar um novo elemento: a sustentabilidade. O Novo Bauhaus Europeu quer aliar a sustentabilidade ao estilo”, referiu.

Além disso, o Bauhaus original “promoveu de maneira audaz novos materiais de construção”, como o “metal” ou o “cimento”, devendo a nova iniciativa europeia procurar também “materiais que consumem menos CO2 nos seus processos de produção”. “As cidades europeias devem capturar CO2 em vez de produzi-lo. E, sim, isso é possível, sim, podemos transformar as nossas cidades em florestas urbanas”, afirmou.

Abordando assim o terceiro elemento, Von der Leyen destacou a “multidisciplinaridade” que era inerente ao movimento Bauhaus original, referindo que o projeto atual também quer “reunir pessoas de origens diferentes, e com competências diferentes, para partilhar ideias e fazer crescer visões”. “Conseguimos construir um amanhã melhor se a cultura e a tecnologia, o ‘design’ e a inovação, andarem de mãos dadas. (…) Precisamos de todos: políticos, (…) cientistas, artistas, ‘designers’, arquitetos, empresários… Queremos incluir as ideias e as perspetivas de todas as idades e de todas as origens”, afirmou.

A presidente da Comissão Europeia concluiu referindo que este é um “projeto de esperança, de mudança e de transformação económica”. “O Novo Bauhaus Europeu é sobre esperança, inspiração e novas perspetivas. É sobre ações concretas contra as alterações climáticas”, afirmou.

A conferência sobre o Novo Bauhaus Europeu, que decorre na quinta-feira e nesta sexta-feira, foi organizada pela Comissão Europeia no âmbito da iniciativa que lançou em janeiro e que se encontra atualmente na fase de design. Durante esta fase, pretende-se moldar o conceito do movimento ao “perceber o que já existe” e ver “como e onde o novo Bauhaus Europeu pode acelerar, concretizar e materializar novas ideias”. Finda esta fase, suceder-se-ão as fases de concretização, em que os projetos escolhidos durante o design começarão a ser desenvolvidos, e de “disseminação”, que procurará “difundir as novas ideias e conceitos a uma audiência mais vasta, não só na Europa, mas também além dela”.

Além de Von der Leyen, o primeiro-ministro, António Costa, e o presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli, também intervieram na sessão de abertura da conferência.