O ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, reconheceu na manhã deste domingo que a pandemia “virou os holofotes para um conjunto de vulnerabilidades e dificuldades da nossa sociedade“, nomeadamente a questão dos muitos imigrantes que trabalham na agricultura intensiva no litoral alentejano e vivem em condições precárias — que está na origem da grave situação pandémica atualmente registada no concelho de Odemira, que tem duas freguesias sujeitas a uma cerca sanitária.

Como se sabe isto é um problema que é complexo e que se foi desenvolvendo ao longo de décadas. Uma das características da pandemia é que virou os holofotes para um conjunto de vulnerabilidades, dificuldades da nossa sociedade, em várias áreas”, disse João Gomes Cravinho durante uma visita, esta manhã, a um centro de vacinação em Odemira.

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“Manifestamente, esta problemática do desenvolvimento de novas formas de agricultura no litoral alentejano precisa de ter resposta em termos de habitação, em termos de apoio para os trabalhadores”, continuou o ministro. “Temos de distinguir entre aquilo que são respostas muito imediatas relacionadas com a pandemia, e há várias, a questão de requisição de habitação para poder fazer o isolamento profilático, e portanto dessa forma impedir ou desacelerar a propagação do vírus, daquilo que são as respostas de médio prazo, e essas respostas competem às áreas da Economia, da Agricultura e do Ambiente. Há um trabalho em curso no seio do Governo para responder a esse problema.

A requisição do empreendimento turístico Zmar, um resort situado numa das freguesias cercadas, para albergar pessoas infetadas com Covid-19 durante o período de isolamento necessário, está a causar grande polémica na região, sobretudo entre os proprietários de habitações permanentes dentro do complexo turístico. A Ordem dos Advogados já veio considerar que podem estar em causa violações dos direitos humanos dos proprietários.

Durante a visita ao centro de vacinação, o ministro da Defesa salientou ainda a “total solidariedade do Governo” perante a autarquia de Odemira. “São necessários os esforços de várias áreas governativas para superar a situação atual“, afiançou o ministro.

João Gomes Cravinho acrescentou que estão atualmente oito enfermeiros do Exército a colaborar no processo de vacinação e que a partir de segunda-feira haverá mais seis militares a trabalhar nos contactos com a população. “Naturalmente que as Forças Armadas como um todo estão disponíveis para acorrer a situações que existam. Agora em Odemira, outras situações poderão vir a existir noutros concelhos no futuro”, assegurou.

O ministro sublinhou que, para já, não é previsível que as Forças Armadas colaborem na cerca sanitária imposta às freguesias de São Teotónio e de Longueira/Almograve. “A cerca é matéria sobretudo das forças de segurança. A implementação da cerca enquanto tal, não compete às Forças Armadas”, disse.

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