Os Estados Unidos da América vão apoiar o levantamento de patentes das vacinas contra a Covid-19, o que vai permitir a qualquer país produzir o imunizante. A embaixadora americana para a Organização Mundial do Comércio (OMC), Katherine Tai, descreveu a medida como sendo uma maneira de ajudar a “acabar com a pandemia”. 

“Os EUA apoiam a suspensão de proteções de propriedade intelectual para as vacinas contra a Covid-19. Vamos participar ativamente nas negociações da OMC para que isso aconteça”, escreveu Katherine Tai na sua conta pessoal do Twitter, acrescentando que se tratam de “medidas extraordinárias”, mas que “estes tempos extraordinários e as circunstâncias” — uma “crise global de saúde” –, assim as justificam.

Em comunicado, a embaixadora revela que o objetivo dos EUA passa por conseguir “levar o maior número possível de vacinas seguras e eficazes ao maior número possível de pessoas”. “Enquanto o fornecimento de vacinas para o povo americano já está assegurado, o governo irá continuar a expandir os seus esforços — trabalhando com o setor privado e todos os parceiros possíveis —, para expandir a produção e distribuição de vacinas” a todo o mundolê-se em comunicado.

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Esta decisão surge após países como a Índia ou a África do Sul, que possuem uma forte indústria farmacêutica, terem reforçado a importância da suspensão das patentes. Também Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), já tinha saído em defesa do levantamento da propriedade intelectual no que diz respeito aos imunizantes.

José Gusmão considera uma “excelente notícia” e espera mudanças na posição europeia

José Gusmão, eurodeputado do Bloco de Esquerda (BE), considerou à Rádio Observador que o apoio dos Estados Unidos da América ao levantamento das patentes das vacinas contra a Covid-19 é uma “excelente notícia”. “É muito significativo, mostra que os EUA têm abordagem de que ou existe uma solução global para a resposta à Covid-19 ou nenhum país está protegido”. O eurodeputado explicou que esta tomada de posição norte-americana permite “eliminar barreiras para a capacidade de produção de vacinas à escala global”.

“UE ficar isolada na questão das patentes seria catastrófico”, considera o eurodeputado José Gusmão

Questionado sobre o chumbo no Parlamento Europeu ao levantamento de patentes num plenário sobre a resolução ao certificado digital a semana passada, José Gusmão considera que a decisão dos EUA “pode pressionar as autoridades europeias”. “Não quero acreditar que a União Europeia vá ser o único espaço político, o único território do mundo, a manter a objeção ao levantamento das patentes”, espera o eurodeputado, que também indicou que não “tem havido uma maioria [de deputados suficiente] para impor esse debate”.

A posição norte-americana responde, segundo José Gusmão, “às necessidades da economia global”, que apenas conseguem ser respondidas “resolvendo o problema de vacinação”. O eurodeputado ainda referiu que esta “abordagem de Biden” é diferente daquela utilizada pelo ex-presidente Donald Trump, que foi uma “catástrofe”.

Sobre o futuro da proposta — que ainda vai ser discutida pela Organização Mundial de Comércio (OMC) –, o eurodeputado garantiu que já existe uma “plataforma Covid” que vai ser utilizada pela indústria farmacêutica, não havendo por isso grandes entraves à sua concretização. “É necessário que seja alargada”, refere.

A vacinação é uma “corrida contra o tempo e agora ficamos com mais capacidade de a ganhar”, sintetizou José Gusmão.