Paulo Rangel considera que João Galamba não tem condições para continuar a ser secretário de Estado. Num artigo de opinião no Público, o social-democrata diz que os comentários feitos sobre o programa Sexta às 9 são “inaceitáveis” e representam “uma intolerável pressão sobre a comunicação social e a liberdade de imprensa”. O eurodeputado aproveitou ainda para criticar Eduardo Cabrita e António Costa, sinalizando que o PS “ameaça as mais salutares práticas democráticas”.

João Galamba diz que programa da RTP ‘Sexta às 9’ é “estrume” e “coisa asquerosa” (e, depois, apaga publicação)

Segundo Paulo Rangel, “a vulgaridade e boçalidade da linguagem” utilizada por João Galamba para descrever o programa da RTP “patente no uso de expressões como ‘estrume’ ou de adjetivos como ‘asquerosa'” revela “uma enorme hostilidade”. O eurodeputado sugere mesmo que pode “configurar um incitamento ao ódio”: “Para lá do manifesto desrespeito pela liberdade de imprensa e pela profissão jornalística, o emprego desta linguagem vulgar comporta uma dimensão de achincalhamento e humilhação dos jornalistas responsáveis pelo programa”.

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Deste modo, o social-democrata conclui que “um comportamento deste tipo só tem uma saída digna: a demissão voluntária do autor. E, na falta desta, só tem outra saída, mas já indigna: a demissão e imediata exoneração do secretário de Estado por parte do primeiro-ministro”.

Paulo Rangel nota que este tipo de atitudes, que “correspondem a um padrão de ‘assédio à democracia'”, não é novo no executivo de António Costa: “A desconsideração altiva e arrogante dos partidos da oposição e dos seus protagonistas e a intimidação rasteira com uma linguagem depreciativa tornaram-se um hábito, uma regularidade” deste Governo.

O social-democrata aponta as declarações de Eduardo Cabrita que considerou o CDS ser um “um partido de náufragos” e o facto de o primeiro-ministro ter caracterizado Rui Rio como “pior que um catavento” como um “padrão malsão de autêntico bullying à democracia”, sendo um “sinal de arrogância e de intolerância”. “Só conheço este tipo de deslizes e derrapagens em ditaduras ou em algumas democracias imberbes e frágeis, designadamente nos Balcãs. Aí é que se procura diabolizar, diminuir ou ridicularizar os adversários”, afirma.

Costa ataca Rio. “Um cata-vento ao menos tem pontos cardeais”

“Se o exemplo que vem do topo é este, que se pode esperar do comportamento de secretários de Estado? Se o primeiro-ministro desconsidera o líder da oposição, porque não há-de o secretário de Estado destratar jornalistas e o ministro invectivar um partido?”, questiona Paulo Rangel, que pede a “intervenção prudencial do Presidente da República”. “A democracia implica respeito”, realça.