Na fralda, a bebé de 11 meses tinha um número de telefone. Foi ligando para esse número, que os agentes da Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA descobriram que a criança, que chegou ao país desacompanhada, nasceu na Guatemala. Do mesmo país, entre as cinco crianças abandonadas, juntas, na fronteira do Texas com o México, estava uma outra rapariga, de 5 anos. No meio dos seus poucos pertences, os agentes encontraram também um contacto telefónico — um familiar que devia receber a criança quando ela pisasse solo norte-americano.

No grupo de cinco crianças, estavam ainda três raparigas das Honduras com 7, 3 e 2 anos.

No Facebook, o congressista republicano Tony Gonzales — crítico da forma como o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, tem tratado a questão da imigração clandestina e a segurança das fronteiras — publicou um vídeo no qual conversa com o agricultor que encontrou as crianças.

“Eram cerca das 8h30 da manhã, estava a conduzir quando, de repente, as vi, junto à margem do rio. Cinco bebés, completamente sozinhas, com fome e a chorar. Uma delas não tinha roupa”, descreve o agricultor, que avisou os agentes da Patrulha de Fronteira. “Acho que não se salvavam se não as tivesse visto.”

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Antes do vídeo, Tony Gonzales já tinha publicado uma imagem das cinco crianças.

These babies were found this morning at a ranch outside of Quemado, Texas. The Del Rio sector Border Patrol gave me an…

Posted by Tony Gonzales on Sunday, May 9, 2021

“Estas bebés foram encontradas esta manhã num rancho nos arredores de Quemado, Texas. A Patrulha da Fronteira de Del Rio informou-me que as raparigas não estão feridas, estão saudáveis ​​e de bom humor”, escreveu Tony Gonzales na sua conta de Facebook. O republicano escreveu ainda que as crianças estão seguras, no centro de Uvalde, onde aguardavam, no domingo passado, transferência para os Serviços de Saúde, e lamentou que a situação seja recorrente, atribuindo culpa à política de Joe Biden.

Vídeo mostra criança sozinha, a pé, a pedir ajuda na fronteira dos Estados Unidos

Em abril passado, um vídeo mostrava um rapaz de 10 anos, da Nicarágua, a pedir ajuda a um polícia fronteiriço. Sozinha e em lágrimas, a criança conta que o grupo com quem seguia o “deixou para trás” no vale do Rio Grande.

O vídeo tornou-se viral tal como já acontecera no final de março com um outro: nas imagens de câmaras de vigilância veem-se duas crianças a ser largadas por cima de uma vedação com mais de quatro metros de altura, durante a noite. As duas raparigas, de 3 e 5 anos, não sofreram lesões físicas.

Em abril, a Unicef lançou o alerta: o número de menores migrantes que tentam chegar aos Estados Unidos, sinalizados no México, aumentou nove vezes e os centros de acolhimento estão lotados. Em média, diz a organização, 275 menores migrantes tentam entrar todos os dias nos Estados Unidos, sendo a maioria das crianças naturais das Honduras, da Guatemala, de El Salvador e do México.

Número de crianças migrantes para os EUA aumenta nove vezes, afirma Unicef

Os números oficiais mais recentes, que reportam a março, mostram que as autoridades norte-americanas recolheram quase 19.000 crianças migrantes (18.890, número que duplica em relação a fevereiro) que viajavam desacompanhadas, o que dá uma média diária bastante mais alta do que a apontada pela Unicef.

Nesse mesmo mês, foi batido o recorde de detenções de imigrantes ilegais que tentavam entrar no país, mais de 172 mil.