Cinquenta e oito jogos, tantos títulos como derrotas (quatro), uma série de 14 vitórias consecutivas na parte final da temporada, a média exata de dois golos e meio por jogo. No contexto mais inesperado e depois de uma época que deixou marcas a vários níveis no FC Porto, André Villas-Boas assumiu o comando técnico da equipa azul e branca. Foi apenas um ano, antes de rumar ao Chelsea. Mas foi um ano que ainda hoje não foi esquecido, como o próprio treinador assinalou esta terça-feira através de uma mensagem nas redes sociais.

O “Cenourinha” chega à outra cadeira de sonho: a vida a acelerar de Villas-Boas até ao Dakar

‘Deram tudo por nós esses atletas, transpirados mas sempre inspirados, criativos e livres, encontraram sempre o caminho certo.

Helton; Beto; Kieszek. Fucile; Sapunaru; Rolando; Sereno; Otamendi; Maicon; Álvaro Pereira; Emidio Rafael. Fernando; Souza; Guarin; Belluschi; Moutinho; Ruben Micael; Castro; Ukra; Mariano Gonzalez; Hulk; Cristian Rodriguez; Varela; James Rodriguez; Walter; Falcão…

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A época de 2010/2011 tem contornos mágicos, pintados de azul e branco e banhados a ouro na história do clube. Uma equipa, um staff e uma estrutura que se excederam a todos os níveis. 10 anos da final de Dublin e a memória segue viva! Um salto para a eternidade. Viva o FC Porto”

Numa final histórica também por colocar frente a frente pela primeira e única vez duas equipas portuguesas (e o Sp. Braga eliminara o Benfica nas meias), Falcão voltou a ser mais uma vez o herói com um fantástico golpe de cabeça após cruzamento de Guarín ainda na primeira parte que acabaria por decidir aquele que foi o terceiro de quatro troféus conquistados em 2010/11. Mais do que isso, os dragões conseguiam o terceiro troféu europeu do século entre a Taça UEFA de 2003, a Champions de 2004 e a Liga Europa de 2011. Ponto comum? André Villas-Boas, que começou como membro da equipa técnica de José Mourinho até chegar à sua “cadeira de sonho”.

Antes e depois, o FC Porto teve a melhor reação possível a uma temporada marcada pelo fim do ciclo Jesualdo Ferreira e pelos castigos a Hulk e Sapunaru na primeira época de Jorge Jesus no Benfica: começou por ganhar a Supertaça frente aos encarnados em Aveiro, conquistou o Campeonato sem derrotas (27 vitórias e três empates), foi buscar a eliminatória das meias da Taça com um triunfo por 3-1 na Luz depois do desaire na primeira mão e acabou com uma goleada ao V. Guimarães no Jamor por 6-2. Um ano onde falhou apenas o único troféu nacional que os azuis e brancos nunca conseguiram conquistar no seu extenso palmarés: a Taça da Liga.

Esta segunda-feira, no lançamento da presença no Rali de Portugal onde correrá com as cores da sua associação Race for Good que defende causas solidárias, André Villas-Boas já tinha recordado essa temporada de 2010/11 traçando o paralelismo com o que aconteceu na presente temporada com o Sporting de Rúben Amorim.

Todas as celebrações ligadas aos dez anos dos quatro títulos do FC Porto de 2010/11 são algo que me tocam emocionalmente, aos quais estou ligado para a eternidade. Foi o meu ano de maior sucesso e a Liga Europa foi um sentimento especial. Era um troféu que ambicionávamos, brilhámos a todos os níveis nessa competição e Dublin tem um significado especial para mim e para todos os portistas. É uma data que guardo bem na memória, nunca me esqueço. Não preciso do calendário do telemóvel para me lembrar, 18 de maio é algo inesquecível”, destacou o técnico.

“Qualquer equipa que demonstre o género de regularidade que o Sporting demonstrou é excelente, quase imbatível, só foi batida pelo Benfica neste último dérbi de Lisboa. Uma regularidade fora do normal, um sistema muito interessante, uma equipa muito bem trabalhada. Há equipas que se excedem nos píncaros e nos limites da motivação, passou-se o mesmo com a equipa do FC Porto em 2010/11. Uma equipa fechada em torno de um objetivo fixo até final, conseguiu uma regularidade pontual que é fora do normal e quando assim é não há nada a dizer”, comentou, pedindo ao mesmo tempo a continuidade de Sérgio Conceição… e Pinto da Costa.

“As intenções do presidente são muito claras, as mesmas se repetem na nação portista. O presidente demonstrou uma intenção de renovação, o próprio Sérgio [Conceição] acho que também, pelo que a nação portista espera que haja entendimento e a renovação. Gostava que ele continuasse, porque joguei contra o FC Porto do Sérgio Conceição e perdi os dois jogos, perdi-os bem, uma equipa extremamente organizada. Sei que o Sérgio é um técnico que leva tudo aos limites, na motivação e na preparação, é um treinador muito focalizado em torno dos seus objetivos. Treinar o FC Porto é muito exigente, não sei que ambições tem na carreira mas as intenções do presidente são claras, pelo que tudo o que for continuidade é mais fácil para o FC Porto”, referiu.

“Presidência? O meu clube está muito bem entregue, muito bem gerido, tem um presidente que nos levou ao sucesso nacional e internacional como mais nenhum outro, e continuo a defendê-lo sempre. Tudo o que eu fizesse em relação à presidência do FC Porto teria que ser algo arrebatador, no sentido de que fosse uma escolha unânime e que os próprios portistas o sentissem dessa forma. Se assim não for não vale a pena, porque conheço a nação portista, porque me conheço a mim próprio e tenho a noção do que é preciso para gerir um clube desta dimensão. Não me quero estender em cada entrevista sobre o tema, já falei sobre as minhas ambições, sobre a minha carreira, as datas para a mesma, sobre o que quero fazer, sou muito decidido nesse aspeto. A única coisa que gostava de valorizar é que o presidente vai em 39 anos de carreira, tem uma carreira brilhante, que nos permitiu atingir tanto sucesso, e é sucesso que a gente quer. É celebrar cada vez mais vitórias, cada vez mais campeonatos nacionais, cada vez mais primeiros lugares, cada vez mais presenças na Champions”, concluiu.