1. Casa Relvas DOC Redondo 2019

É o primeiro vinho do produtor alentejano com denominação de origem controlada, motivo pelo qual tem “um grande sentido de lugar”. Alexandre Relvas, à frente da enologia da casa, não esconde o orgulho no vinho que provém de uma “região especial”, que não só acolheu tão bem o projeto vitivinícola que já leva 15 anos de vida como dá guarida à vinha que considera ser “a joia da coroa”. A colheita de 2019, com um preço de venda ao público a menos de 10 euros, é o resultado da procura “pelos vinhos antigos na região” e do blend das castas Aragonez, Trincadeira e Castelão. O vinho que estagiou 12 meses em tonel de 5.000 litros apresenta “cor aberta, taninos muito suaves e uma acidez quase mineral que vem essencialmente dos solos de xistos no sopé da Serra d’Ossa”, garante. Este é também o primeiro vinho lançado em nome próprio — Casa Relvas.

2. Aldeia de Cima Garrafeira 2019 

O vinho proveniente do terroir da Serra do Mendro é elaborado a partir de três castas “que consideramos essenciais”, diz o enólogo Jorge Alves, referindo-se sobretudo à uva Antão Vaz (70%), que é “quase ultra local, resiliente, ancestral e fazedora de vinhos únicos” — o vinho é ainda composto por Arinto (25%) e Alvarinho (5%). O lote em causa fermentou e estagiou em balseiro novo de carvalho francês de 3.000 litros durante nove meses e seguiram-se mais de 10 meses em garrafa. Em prova online, Luísa Amorim, que gere a Herdade Aldeia de Cima, no Alentejo, comenta ainda como “este vinho invade-nos até aos pulmões”, destacando a preservação da fruta fresca e falando num “vinho grande” que “mexe connosco”.

3 e 4. Mirabilis 2019 tinto e branco 

Os durienses Mirabilis 2019 tinto e branco assinalam, em 2021, 10 anos de existência — a primeira colheita a surgir no mercado foi a de 2011, esse ano mítico. Volvida uma década, os dois lotes são lançados em simultâneo pela primeira vez. Ao longo do tempo, diz Jorge Alves, à frente da enologia da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, a marca Mirabilis “tem sido muito consistente”, com os brancos a surgirem todos os anos. “Madeira francesa, mineralidade e profundidade. Tentamos sempre manter um estilo muito próprio, inconfundível”, garante. Se a qualidade, essa, se mantém, o mesmo não se pode dizer da quantidade, que varia de ano para ano — “Isto é enologia de manicure”. O mesmo não se passa com os tintos, que apenas são lançados em anos específicos. “Curiosamente, tem calhado sempre em anos ímpares”, atesta Jorge Alves. O perfil do Mirabilis é de novo mundo, ainda que “mantendo um pouco de velho mundo”. Destaque então para as especiarias e para as notas balsâmicas, para a frescura em boca e também para a mineralidade. E o que dizer do ano da nova colheita? “2019 foi muito bom, fresco, sem chuva e com períodos de maturação mais longos.”

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5. Paço dos Infantes Chardonnay 2020

A Herdade da Lisboa, na Vigueira, foi adquirida pela família Cardoso em 2011 que, de lá para cá, tem feito um investimento assinalável na vinha, no olival e na construção de uma moderna adega. São, ao todo, 350 hectares, 140 dos quais de vinha. É a primeira vez que a Herdade da Lisboa engarrafa um Chardonnay e fá-lo relançando uma marca que já antes vigorou entre os clássicos alentejanos, nos idos anos 80. O exercício de tentar fazer “um grande Chardonnay” no Alentejo ficou entregue ao enólogo Ricardo Silva, envolvido no projeto desde 2019, que procurou fugir de perfis mais pesados e marcados pela madeira. Ao invés, diz, este Chardonnay “representa toda a profundidade da casta”. Toques minerais, cremosidade e complexidade estão lá, assegura, sem comprometer a frescura e acidez que também são inquilinas neste vinho. “Temos a sorte de ter as vinhas implementadas no tesouro que é o xisto.” Existem apenas 2.780 garrafas e 200 magnum.

6. Os Paulistas Chão dos Eremitas 2018

Reflete um Alentejo anterior. Aqui, as estrelas são a Tinta Carvalha, o Castelão, o Moreto, o Alfrocheiro e a Trincadeira, vindas da vinha Chão dos Ermitas, plantada em 1970 no sopé da Serra d’Ossa — foi a primeira vinha que o enólogo António Maçanita adquiriu ao fim de 14 anos a fazer vinho. “Seja o que for, alguém em 1970 escolheu esse conjunto de castas ou com uma visão conservadora ou com uma visão modernista”, diz. A vinha em questão foi “um salto de fé”, com o enólogo a admitir ter pouca experiência com as uvas que a compõem. O vinho que daí resulta é “um abrir de portas para um Alentejo que existiu, um regresso ao passado”. Mais do que isso, Os Paulistas — cujo nome é uma homenagem aos eremitas que faziam vinho naquele local no século XIV — “é um vinho com identidade, com sentido de sítio.”

7 e 8. Carlos Reynolds tinto 2018 e branco 2019

A gama Carlos Reynolds é a mais nova linhagem da Reynolds Wine Growers. A Herdade Figueira de Cima que dá hoje origem aos vinhos da casa, instalada na Serra de São Mamede, foi adquirida por Julian Reynolds em 1996 e reflete a continuação de um legado familiar, com os Reynolds a estarem ligados ao vinho há cerca de 200 anos, primeiro no Douro, com o Vinho do Porto, e depois no Alentejo. O branco é composto por Arinto e Antão Vaz e é tido “como um entrada de gama de qualidade superior”, atira Julian Reynolds. Já o tinto — Alicante Bouschet, Aragonez, Alfrocheiro e Trincadeira — “podia ser um reserva” e chega ao mercado ao fim de dois anos de colheita e depois de algum envelhecimento em balseiros de carvalho francês. “Os vinhos da casa representam as diferentes gerações e Carlos é a 7.ª”, comenta num português arranhado, referindo-se ao filho, para depois brincar: “Falo todos os dias várias línguas e nenhuma bem”.

9. CH by Chocapalha 2017 branco

Sandra Tavares da Silva, enóloga, é fã de Arinto e há muito tempo que planeava engarrafar um vinho assim, “com pureza, tensão e austeridade”. O gosto pela uva deve-se essencialmente à sua versatilidade, bem como “ao enorme potencial de envelhecimento” — as vinhas em questão, da lisboeta Quinta da Chocapalha, têm mais de 30 anos. O vinho entretanto lançado no mercado já capturou a atenção do crítico Mark Squires, da revista norte-americana Wine Advocate de Robert Parker, que lhe atribuiu 91 pontos em 100. O CH by Chocapalha, colheita de 2017, não foi de nascer de um dia para o outro: primeiro, vieram a experiências em inox e só depois as madeiras usadas. “Ao longo dos anos fui fazendo ensaios em barricas diferentes, sempre de maneira a não interferir muito com o potencial da uva”, conta a enóloga. Nem de propósito, as barricas usadas para a presente referência — cuja primeira colheita data de 2015 — são “neutras” e “muito usadas, algumas com mais de 10 anos e de 500 litros”. “O vinho demorou mais de 10 anos a chegar ao mercado por causa dos ensaios que fui fazendo. Já estava há muito tempo na minha cabeça”, assegura. O resultado do investimento é um Arinto “mais complexo, com textura, mas sem desvirtuar a casta”.

10. Quinta do Convento tinto 2018 

“Representa um lado muito autêntico do Douro”, atira o enólogo Diogo Lopes, referindo-se a uma região muito extensa, pautada por uma grande diversidade de terroirs. “Vem de uma quinta que está no vale do rio Távora e de uma vinha com altitude, a rondar os 400 metros.” Mineralidade e acidez são características que associa ao vinho, descrevendo-o como “um Douro mais elegante e fino que demonstra a riqueza da região”. A colheita de 2018, acrescenta, foi a vindima de arranque na Quinta do Convento, da Kranemann Wine Estates, produtora jovem e ainda com muitas cartas na manga.

11 e 12. Teixuga 2015 tinto e branco

“Quando lançámos o Teixuga, enquanto marca, queríamos um vinho sem pressão comercial e onde pudéssemos investir mais dinheiro, sem assumir quantidades e que saísse quando estivesse pronto”, começa por dizer Lígia Santos, diretora geral da Caminhos Cruzados, que desde o ano passado integra o grupo Grupo Terras e Terroir (proprietário da duriense Quinta da Pacheca). O primeiro lançamento, colheita de 2013, aconteceu com o branco que, desde logo, foi assumido como o topo de gama capaz de representar e posicionar a casa — “Dá muito mais trabalho fazer um bom branco do que um bom tinto”, lembra. A colheita que agora chega ao mercado, 2015, é a terceira edição do projeto, numa altura em que “já vamos conhecendo melhor os vinhos e as vinhas”. Talvez seja por isso que Lígia Santos afirme que o tinto 2015 (monocasta Touriga Nacional; o branco é 100% Encruzado) esteja finalmente “fora de série”. “É o melhor tinto que a casa já fez.”

13. Tapada do Chaves tinto 2013 vinhas velhas 

Em 2017, a Fundação Eugénio de Almeida comprou a Tapada do Chaves, ditando assim o regresso de um clássico alentejano que em tempos ajudou a alavancar a região de origem. Esta colheita de 2013 ainda foi feita pelos antigos proprietários, mas Pedro Baptista, o enólogo de ambas as casas, diz conhecer bem as vinhas e o trabalho feito naquela propriedade desde 2010. O vinho nasce de um talhão de vinha única que em 2021 cumpre 120 anos de vida. “É a única vinha que conheço com esta idade com registo oficial”, confirma, para depois explicar que a vinha nunca foi regada e foi plantada por métodos tradicionais, com mistura de castas. Tem predominantemente Trincadeira, à qual fazem ainda companhia as castas Grand Noir, Aragonez e Castelão. “Resiliência, capacidade de reação e adaptação” — tal como se de uma pessoa se tratasse — são as mais valias de uma vinha experiente, muito embora o potencial produtivo seja consideravelmente menor. “Com o tempo vão ficando mais débeis, menos vigorosas e a produção de uva fica mais diminuta, mas isso também permite uma concentração mais elevada”, diz, assumindo o vinho como o reflexo do seu berço.

14 e 15. Falua Reserva Unoaked Tinto 2018 e Falua Reserva Unoaked Branco 2019 

A marca Falua foi criada a pensar em reservas especiais, sem madeira, conta Antonina Barbosa, enóloga e diretora geral. A ideia dos vinhos serem monocasta ganhou mais preponderância com o tempo e o conceito de mínima intervenção ajuda a completar a história. “Achámos interessante mostrar as castas individualizadas”, diz, referindo-se ao 100% Touriga Nacional (tinto) e ao 100% Fernão Pires (branco) provenientes da vinha em calhau rolado que já é uma imagem de marca da Falua. “Dentro da gama Falua estes são os nossos vinhos mais premium, muito elegantes e concentrados”, diz, dando uma piscadela ao Fernão Pires de uma “maturação extraordinária”.

16. Torre de Palma rosé 2020 

“É a primeira colheita de 2020 a sair para o mercado”, assegura Duarte de Deus, enólogo da adega Torre de Palma, no Alentejo, que é também um hotel vínico de 5 estrelas. O rosé (Touriga Nacional, Aragonez e Tinta Miúda) foi lançado ainda no inverno, precisamente para mostrar que este não é “apenas um vinho para o verão”. Nesse sentido, merece lugar à mesa, dado o teor gastronómico, em qualquer altura do ano. É apenas a terceira colheita da referência e, apesar da quantidade ainda ser diminuta (3.000 garrafas e 100 Magnum), a respetiva produção tem aumentado sucessivamente. “É perfeito para aquele amigo que não gosta de rosés, mas que vai ficar convencido. Tem uma qualidade muito boa, acidez e um volume de boca muito interessante. Não é um refresco, tem corpo e estrutura”, assegura o enólogo, fazendo ainda uma referência ao aroma perfumado.

17. Manoella Tawny Finest Reserve

O projeto Wine & Soul tem vindo a crescer ao longo do tempo e, desde o início, a dupla Sandra Tavares da Silva e Jorge Serôdio Borges tinham como ambição criar um “portefólio representativo” dos vinhos do Porto. Após a compra da Quinta da Manoella, o casal começou a apostar cada vez mais nessa categoria e exemplo disso é este Tawny Reserva com um estágio de seis anos em cascos antigos de 600 litros. “A diferença é a identidade do local. É uma quinta com uma mata muito grande que envolve as vinhas, o que origina um perfil mais fresco e maturações mais lentas”, diz. “Somos fãs do Vinho do Porto e, sendo uma empresa nova, temos uma postura diferente”, continua, descrevendo uma preferência por vinhos com menos álcool, menos doçura e uvas menos maduras. “Queremos angariar novos consumidores e novas gerações.”

18. Mamoré da Talha Moreto 2019

A tecnologia ancestral da talha está bem presente neste vinho, assegura o enólogo consultor da Sovibor António Ventura. É ele quem refere como “inovador” o facto deste ser um monovarietal feito em talha, sendo o Moreto “uma das castas há mais tempo presentes no Alentejo”. A uva provém de vinhas velhas, com mais de 60 anos, em Borba, cujos solos são marcados pelo xisto. A vinha é de sequeiro, “já aprendeu a sobreviver com pouca água”, e as produções são muito baixas. “É a primeira vez que fazemos um vinho de talha de Moreto. Não nos enganámos, tem tido muito boa aceitação entre a crítica e entre os consumidores”. O vinho em questão foi vinificado com leveduras indígenas, de acordo com o processo tradicional, “em duas talhas de barro de cerca de 1.200 quilos, pesgadas em 2016 com uma mistura de cera de abelha e resina de pinheiro”, lembra ainda o comunicado de imprensa.

19. Quinta de Ventozelo Tinto Cão 2018

A casta Tinto Cão é tida por José Manuel Sousa Soares como “muito particular”. A maturação tardia e o facto de chegar à adega “sempre em muito bom estado”, faça chuva ou faça sol, são dois elementos positivos destacados pelo enólogo da Quinta de Ventozelo, no Douro. “Não consegue ceder muita cor ao mosto, fica sempre com relativamente pouca cor, um tom mais azulado”, continua. Denota ainda neste Tinto Cão um lado mais tropical, ainda que não se sintam as tradicionais frutas tropicais, e destaca a presença da fruta e o facto de ser muito sedoso na boca. A colheita de 2018 traduz-se no primeiro monocasta Tinto Cão da casa a chegar ao mercado, mas nem por isso no primeiro ser feito. Já antes foram realizadas experiências. “Desta vez achámos que o vinho tinha saído muito bem”, garante. À venda desde fevereiro, foi o primeiro lançamento da marca em 2021 e tem tido, a julgar por quem o prova, “muito boa receção”.

20. Kopke Winemaker’s Collection Rosé Reserva Tinto Cão 2020

É o segundo rosé da gama Kopke Winemaker’s Collection, mas o primeiro monocasta Tinto Cão, depois do Rufete ter sido lançado em plena pandemia. “Depois de vários ensaios, chegámos à conclusão de que a casta que melhor se comportava, para um rosé reserva, era o Tinto Cão devido à sua maturação mais longa, à alta acidez, boa fruta e potencial de envelhecimento”, explica o enólogo Ricardo Macedo. As uvas são provenientes de vinhas a 400 metros de altitude, viradas a norte — foram plantadas na década de 90 na sub-região do Cima Corgo — e o vinho foi vinificado na Quinta de São Luiz. “O nosso objetivo foi fazer um rosé de refeição, mais complexo, altamente gastronómico e versátil”, salienta, para depois enfatizar a cor “apelativa” em tons salmão. O Winemaker’s Collection é um projeto que aposta na experimentação de castas provenientes de diferentes micro-terroirs do Douro. Existem apenas 5.372 garrafas deste rosé.