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Em Braga há quem esteja desiludido com a paragem no desconfinamento. Mas "já se esperava"

Este artigo tem mais de 2 anos

Juntamente com mais três concelhos, Braga não avança para a próxima fase de desconfinamento. Setor da restauração diz estar desiludido, festas dos santos populares estão reduzidas ao mínimo.

Esta quarta-feira, o Governo determinou que Braga, juntamente com Lisboa, Odemira e Vale de Cambra, não avança para a próxima fase de desconfinamento
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Esta quarta-feira, o Governo determinou que Braga, juntamente com Lisboa, Odemira e Vale de Cambra, não avança para a próxima fase de desconfinamento

Ana Catarina Peixoto/Observador

Esta quarta-feira, o Governo determinou que Braga, juntamente com Lisboa, Odemira e Vale de Cambra, não avança para a próxima fase de desconfinamento

Ana Catarina Peixoto/Observador

A fachada da Associação Cultural e Recreativa “Os Bravos da Boa Luz” está decorada com várias fitas coloridas, há uma imagem de Santo António a ser colada numa das janelas e um “trono” branco montado do lado esquerdo. Em Braga é altura de preparar os santos populares, mas a festa volta a ficar-se praticamente pela decoração e por eventos mais pequenos ou em formato digital. “Agora ainda menos”, comenta-se à porta. Esta quarta-feira, o Governo determinou que Braga, juntamente com Lisboa, Odemira e Vale de Cambra, não avança para a próxima fase de desconfinamento, que começa na segunda-feira.”Já era de esperar”, refere ao Observador Edmundo Lima, sócio da associação.

Quatro concelhos não avançam no desconfinamento, mas nenhuma recua. A lista completa

Por ter registado mais de 120 casos por 100 mil habitantes — o limite que determina as decisões do Conselho de Ministros — Braga vai manter-se na fase de desconfinamento em que se encontra atualmente, o que significa que continua com as regras já em vigor: os restaurantes têm de encerrar até às 22h30, bem como os espetáculos culturais, o teletrabalho é obrigatório, e o comércio a retalho tem de fechar portas até às 21h nos dias da semana e até às 19h aos fins de semana e feriados. Apesar de não apanhar os bracarenses de surpresa, a decisão não agrada a todos, sobretudo ao setor da restauração. 

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Restauração: decisão era esperada, mas trocou as voltas

Na praça da República, as mesas das esplanadas começam a encher com o final da tarde a aproximar-se. O Café Vianna, um dos históricos da cidade, também começa a receber mais clientes. Ashley Barbosa, uma das responsáveis do estabelecimento, já está a pensar no verão, mas admite que este travão no desconfinamento veio trocar alguns planos. “Já estávamos a empregar pessoas para nos precaver para o verão, porque precisamos de trabalhar. Estamos a colocar mais gente cá na casa para fecharmos às 22h30“, explica ao Observador. A decisão “era esperada” face ao número de casos, mas a responsável não considera ser uma medida justa para o setor.

“A restauração é sempre a culpada e não acho — nem ninguém que está na restauração acha — que o problema real esteja aqui. Deviam ter mais cuidado e mais controlo nas ruas e fora do horário dos estabelecimentos. A realidade é que nós somos controlados — às 22h20/22h30 estão cá para nos fechar a porta e para verificar que isso está realmente a acontecer –, mas após esse horário existem na mesma ajuntamentos e não há tanto controlo. Quando existem aumentos de casos quem vai fechar e quem é prejudicado somos nós, a nossa área”, acrescenta Ashley. Atualmente, o estabelecimento tem mais de 30 funcionários e tem vindo a contratar mais pessoas para a época alta. “A restauração não é, de todo, a culpada do problema“, remata a responsável.

Por ter registado mais de 120 casos por 100 mil habitantes, Braga vai manter-se na fase de desconfinamento em que se encontra atualmente

Ana Catarina Peixoto/Observador

Noutro ponto da cidade, Jorge Leite, responsável do Café Imperial há mais de 30 anos, também não ficou surpreendido com a decisão, ainda que não considere que, no caso do seu negócio familiar, vá sentir um grande impacto. “Estava à espera, porque tem-se notado um acréscimo muito grande das pessoas na rua”, explica. Quando passa pelo centro de Braga, já depois das 22h30, diz reparar que há mais grupos: “As pessoas estão mais juntas, mais aglomeradas. Por isso é que achei perfeitamente natural e expectável que as coisas não fossem seguir em frente”, refere ao Observador.

Neste estabelecimento há quatro televisões — “e mais duas para colocar na esplanada” –, que estão sempre prontas para passar jogos de futebol. O Café Imperial é um dos locais mais frequentados em Braga por amantes de desporto e em altura do Campeonato Europeu de Futebol é esperado que receba mais clientes. E Jorge Leite está confiante de que o encerramento às 22h30 não terá grande impacto.

“Não acho que vá haver grande diferença. Acho que as pessoas vêm na mesma, também não vai haver jogos assim tão tarde. Poderá haver um ou outro que acabe um bocadinho mais tarde, mas também não será por isso”, explica.

Santos Populares: uma festa “mais pobre” e atividades “só para não se esquecer o dia”

À semelhança do ano passado, as festas dos santos populares voltam a estar maioritariamente limitadas ao formato digital, existindo apenas algumas iniciativas presenciais a serem pensadas, tendo em conta a situação epidemiológica. Edmundo Lima, sócio d’Os Bravos da Boa Luz, a única associação em Braga que faz a festa do Santo António, explica que os planos para este ano são muito limitados: “Fazemos só um pequeno trono de homenagem ao Santo António, temos música popular, mas de ambiente, e poderemos ter eventualmente um grupo de cavaquinhos a tocar um pouco lá fora, mais por brincadeira e nada programado”.

É altura da dos santos populares, mas a festa este ano volta a fazer-se na decoração e em eventos digitais

Ana Catarina Peixoto/Observador

Criada em 2002, esta associação sem fins lucrativos organiza várias atividades tradicionais pela cidade, incluindo na altura dos santos populares. Este ano, tudo será “muito diferente, muito pobre e muito mais simples”. “Não vamos ter o arraial, as sardinhas, as febras, o vinho. Não temos músicos, acaba tudo mais cedo. Só marcamos mesmo presença para não esquecer o dia”, sublinha o sócio. O mesmo acontece com a festa do São João de Braga, que este ano vai ter um programa “entre portas”, ou seja, maioritariamente digital e com algumas iniciativas presenciais em espaços de referência da cidade.

Sobre a decisão de não avançar no desconfinamento, Edmundo Lima diz entender a medida e recorda o que diz ver muitas vezes pela cidade: “Basta passar aqui ao lado, na Sé, é notório que há pessoas que não têm o mínimo de cuidado, principalmente os mais jovens”.

Ricardo Rio: “Esperamos que a situação se possa controlar nos próximos dias”

Ainda antes de ser anunciado o estagnar no desconfinamento, o presidente da Câmara Municipal de Braga, Ricardo Rio, já esperava que este fosse o desfecho. “Não teremos surpresa nenhuma se se confirmar que também em Braga nos manteremos na atual fase de desconfinamento. Até ao final da semana passada chegamos a atingir os 177 casos por 100 mil habitantes, portanto, continuamos acima do linear de alerta dos 120 casos por 100 mil habitantes”, referiu o autarca em entrevista à rádio Observador.

Braga sem avanço no desconfinamento e sem Santos. “Reduzimos ao estritamente necessário”

Sobre os motivos que poderão ter levado ao aumento de casos de Covid-19 em Braga, Ricardo Rio explicou que, de acordo com a informação que tem recebido da delegação de saúde, “não há nenhum foco particular que seja possível identificar, embora exista manifestamente alguma maior incidência sobre a população mais jovem”. “Mas não há nenhuma explicação muito concreta para este tipo de circunstâncias que estamos a viver”, acrescentou, rejeitando que o cenário possa ser justificado pelos festejos da conquista da Taça de Portugal pelo SC Braga, no final de maio.

Um aspeto diferente de outros cenários vividos, acrescenta o autarca, é o facto de o número de ocorrências “não ter a mesma gravidade que tinha há alguns meses”. “Temos um número muito reduzido de internamentos, não temos óbitos no concelho já há algumas semanas. Do ponto de vista da saúde pública esta fase não tem sido tão preocupante, mas do ponto de vista económico obviamente que tem consequências graves“, referiu, acrescentando que as regras de fiscalização, sobretudo nos estabelecimentos comerciais, têm sido reforçadas, sendo que a autarquia iniciou esta semana, juntamente com a Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte, uma campanha de testagem ao tecido empresarial do concelho.

No Euro 2020 não há planos para “as telas gigantes e espaços de visionamentos dos jogos que é costume montar na cidade” e as festas populares vão estar “reduzidas ao estritamente necessário”. Agora, e apesar do impacto que a decisão poderá ter em alguns setores, a esperança é que, em breve, Braga volte a ter luz verde para o desconfinamento. “Vamos ver como as coisas correm, acho que vai tudo correr bem”, conclui Jorge Leite.

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