O alerta é claro. O crescimento exponencial de casos suspeitos e de casos positivos de Covid-19 no Porto significa que a situação de Lisboa já “alastrou” ao norte do país e pode mesmo querer dizer que a quarta vaga da pandemia está instalada em Portugal.

Os avisos foram deixados esta quarta-feira pelo diretor das urgências do hospital de São João, Nelson Pereira, preocupado com o aumento cada vez mais expressivo de casos no norte.

“Estamos a fazer um alerta. O que temíamos, que era o alastrar da região de Lisboa para o Porto, é inequívoco que aconteceu. Já não podemos negar que estamos numa quarta vaga”, garantiu, em declarações aos jornalistas.

Mesmo frisando que a pressão maior já não está colocada sobre os internamentos e os cuidados intensivos, o médico não mostrou dúvidas de que os casos devem “continuar a crescer nos próximos dias”. Até por causa do fator dos festejos do São João: apesar de não terem sido permitidos festejos de rua, “houve muitos contactos no norte”.

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Casos positivos crescem até aos 20%

Isto não significa, como o médico acrescentou, que a gravidade seja a mesma de vagas anteriores, em que não existia o fator da vacinação, que reduz a gravidade das doenças e já protege as faixas mais velhas da população.

Ainda assim, existe uma preocupação com “a pressão nos serviços de urgência”: “É preciso controlar este processo, alertou Nelson Pereira, pedindo “coordenação de todas as estruturas”.

Esta preocupação surgiu com o número de casos suspeitos e positivos, que está a aumentar de forma galopante nos últimos dias e para o qual os responsáveis do hospital portuense já tinham alertado. É que os últimos cinco dias terão mostrado uma “mudança significativa” no recurso às urgências, com 40% a 50% de mais casos suspeitos, e uma “mudança radical” na taxa de positivos: se antes esta última ronda a 1 a 2% de casos, numa situação “muito estável”, agora chega a 10% a 15%, tendo esta terça-feira alcançado praticamente os 20%.