A mulher de 30 anos que provocou uma gigante queda na primeira etapa deste ano do Tour falou pela primeira vez, em declarações reproduzidas pela Gazzetta dello Sport. Admitindo estar envergonhada, a mulher foi ouvida pelas autoridades e vai agora ao tribunal de Brest em outubro.

A mão foi mesmo pesada: mulher que provocou queda de dezenas de corredores na primeira etapa do Tour foi detida

“Fui ridícula e estou envergonhada”, disse a espectadora que, “apenas” com um cartaz que dizia “allez opi-omi” (“força avô e avó”, que veem o Tour regularmente na TV) conseguiu derrubar primeiro o corredor Tony Martin e, a partir daí, grande parte do pelotão se seguiu. Queria aparecer na televisão com o seu cartaz e correu muito, muito mal. Para todos.

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Disse ainda estar “com medo das consequências” das suas ações e incomodada com a “atenção dada pelos media”.

Este destaque na comunicação social e também nas redes sociais levou as autoridades de Landerneau, onde a mulher se apresentou para ser interrogada, a apelar à “calma”. “Devemos manter a cabeça calma neste assunto. A última coisa de que precisamos é um julgamento nos media ou nas redes sociais”, referiu o coronel Nicolas Duvinage.

Camille Miansoni, procuradora de Brest, explicou que o aconteceu tem a ver com “pôr em perigo terceiros falhando voluntariamente o cumprimento de obrigações de prudência e segurança, causando, de forma involuntária, lesões com um prognóstico que não excede os três meses”. A responsável explicou que a situação é punível com pena de prisão até dois anos e que a investigação “não está fechada”.

Numa ideia oposta, Marc Soler, espanhol da equipa da Movistar que se viu envolvido na queda, considera reportar a situação: “Estou a pensar fazer queixa. Sinto muita raiva. Tudo o que fiz para preparar-me para o Tour acabou no lixo. Essa pessoa não gosta de ciclismo. O nosso sindicato devia, em teoria, defender-nos, mas faz muito pouco. E a UCI só se preocupa com regras estúpidas como a das garrafas de água”. Soler acabou a primeira etapa com fraturas em ambos os braços, acabando por desistir da prova. O alemão Jasha Sütterlin abandonou o Tour de imediato após a queda, não se sabendo se vai ou não agir legalmente.

Tour. Organização retira queixa contra espectadora que causou queda na primeira etapa

A reação da organização do Tour foi de fazer queixa contra a mulher, que fugiu do local após a queda dos ciclistas, decisão que depois mudou, como explicou o diretor da prova Christian Prudhomme: “Esta situação chegou a proporções loucas. Devemos lembrar-nos das medidas de precaução e o público deve ter cuidado. Queremos apaziguar as coisas e, principalmente, passar a mensagem às pessoas”.