Jean-Paul Belmondo, ator francês que marcou o cinema europeu no último século, morreu esta segunda-feira, na sua casa em Paris. A notícia foi confirmada à AFP pelo advogado do ator, Michel Godest. “Há muito tempo que estava cansado. Morreu tranquilamente”, disse Godest. Tinha 88 anos.

Há mais de uma semana que circulavam rumores que indicavam que Belmondo, conhecido por filmes como “O Acossado” ou “O Irresistível Aventureiro”, teria morrido. Estes foram desmentidos este fim de semana pelo também ator Antoine Duléry. Duléry, de 61 anos, disse numa entrevista à Télé Star, divulgada este sábado, que tinha almoçado com Belmondo na semana passada e que, apesar do ator já não ser jovem, se encontrava bem. “Os rumores são falsos”, garantiu, segundo a Euronews.

Conhecido em França como “Bebel”, Belmondo era também apelidado de o “Le Magnifique” (“O Magnífico”), por causa de uma sátira sobre um agente secreto em que participou, nos anos 70. Era um dos mais populares e respeitados atores franceses.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Nascido a 9 de abril de 1933, em Neuilly-sur-Seine, perto de Paris, no seio de uma família de artistas (o pai era escultur e a mãe pintora), Jean-Paul Belmondo mostrou na juventude ter mais inclinação para o desporto, sobretudo o boxe, do que para a cultura. Tudo mudou ao descobrir a representação. Em 1952, pós duas tentativas falhadas, conseguiu ser finalmente ser aceite no Conservatório de Paris. A receção foi, porém, tudo menos calorosa, acabando por desistir do curso quatro anos depois.

Sophia Lauren e Jean-Paul Belmondo no filme “Duas Mulheres” (1960), de Vittorio De Sica (Mondadori via Getty Images)

Um dos seus professores previu que nunca teria sucesso por causa da sua “cara de hooligan“, mas não poderia ter estado mais errado. Belmondo, que se tornou conhecido pela ligação à Nouvelle Vague e pela participação em filmes como “O Acossado” (1959), de Jean-Luc Godard, entrou em mais de 80 produções dos mais diferentes géneros, da comédia ao policial. A partir dos anos 60, tomou um rumo mais comercial, decisão que foi amplamente criticada, mas que o consolidou como um dos mais populares atores franceses do seu tempo.

“Quando um ator tem sucesso, as pessoas viram-lhe as costas e dizem que tomou o caminho mais fácil, que não quer fazer um esforço ou arriscar. Mas se fosse assim tão fácil encher os cinemas, então o mundo do cinema estaria de melhor saúdo do que está”, disse Belmondo, de acordo com a Reuters, admitindo que não teria tido tanto sucesso durante tanto tempo se fizesse qualquer “porcaria”. “As pessoas não são assim tão estúpidas.”