O cabeça de lista da coligação Nós, Cidadãos!/PPM à Câmara de Setúbal, Fidélio Guerreiro, afirmou esta sexta-feira que a campanha eleitoral para as autárquicas “é um verdadeiro atentado à democracia”, face à discrepância dos apoios do Estado aos diferentes candidatos.

“Eu vejo campanhas na rua, dos três maiores partidos, que já gastaram mais de 200 mil euros. Como é possível fazer uma campanha quando, oficialmente, não há dinheiro e se obriga a pagar tudo de acordo com a lei? Não é possível respeitar a lei, não é possível fazer uma campanha em pé de igualdade. Esta campanha é um verdadeiro atentado à democracia“, disse à agência Lusa Fidélio Guerreiro, do movimento Amar Setúbal, que concorre pela coligação partidária.

O candidato sublinhou que, em função da dimensão das autarquias, é estipulada uma subvenção para os partidos concorrentes que se divide em duas tranches: “uma de 25% para distribuir por todos os partidos em pé de igualdade, outra de 75% para distribuir em função dos resultados eleitorais, mas que só é distribuída depois da campanha”.

A realidade é esta: a subvenção só é distribuída depois da campanha, quando devia ter sido antes. Como consequência disso, só alguns partidos têm dinheiro — os partidos que têm deputados no parlamento e que têm subvenções adstritas para estas coisas —, todos os outros candidatos não têm dinheiro”, disse.

Fidélio Guerreiro deixou também críticas implícitas aos outros candidatos à Câmara de Setúbal, por considerar que não têm uma estratégia de desenvolvimento para o concelho.

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“Eu tenho um plano estratégico para Setúbal, para 12 anos, porque o grande problema não é o que está à vista, é o que está por detrás, é infraestrutural. Em Setúbal está tudo mal: a saúde, a educação, a falta de investimento. Tem nove mil desempregados, tem problemas sociais, tem a mobilidade. A cidade está engraçadinha, está bonita, mas, e o que está por detrás?”, questionou o candidato não militante.

O concelho de Setúbal, por não ter apoio há 20 anos para se desenvolver, tal como a península, não tem condições para ir a lado nenhum. Não há um grande investimento há 20 anos, não há uma casa social construída. E os nossos filhos estudam aqui no politécnico ou na universidade, mas têm de se ir embora porque não têm emprego”, lamentou.

A integração dos nove concelhos da Península de Setúbal na NUT II Lisboa (NUT é acrónimo de Nomenclatura das Unidades Territoriais da União Europeia para fins estatísticos), depois denominada Área Metropolitana de Lisboa (AML) em 2002, teve como principal consequência uma grande redução do investimento, público e privado, na região, face à redução significativa das comparticipações de Fundos Estruturais Europeus, dado que a AML, globalmente, tem um rendimento superior à média europeia.

Nas eleições para a Câmara de Setúbal, no domingo, Fidélio Guerreiro terá como adversários André Martins (CDU),Fernando José (PS), Fernando Negrão (PSD), Fernando Pinho (BE), Paula Esteves da Costa (PAN), Pedro Conceição (CDS-PP), Carlos Cardoso (IL), Luís Maurício (Chega) e Carina Deus (RIR/PDR).

A CDU, coligação que junta PCP e PEV, governa a Câmara de Setúbal com maioria absoluta, com um total de sete eleitos.

O PS é atualmente a segunda força política do concelho, com três vereadores, e o PSD tem um.