A organização não-governamental (ONG) iemenita Jeel Albena, que ajuda milhares de deslocados internos devido à guerra civil no Iémen, foi eleita hoje a vencedora em 2021 do prémio Nansen, o maior galardão concedido anualmente pelo ACNUR.

Com este prémio, concedido pelo Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados desde 1954, a agência da ONU também quer chamar a atenção para um conflito esquecido, o do Iémen, que expulsou quatro milhões de pessoas das suas casas e gerou uma das piores crises humanitárias do mundo.

A Jeel Albena, fundada em 2017, recebe o prestigioso prémio pelo seu “forte apoio aos deslocados iemenitas”, apesar da dificuldade de trabalhar numa zona de conflito. A ONG iemenita é composta por 160 trabalhadores apoiados por 230 voluntários, uma equipa em grande parte deslocada, e está baseada na cidade portuária de Hudeida. A organização contribuiu em  cerca de 18.000 acomodações e empregou pessoas deslocadas que vivem naquele porto do Mar Vermelho e na cidade vizinha de Hajjah.

Trabalhamos em algumas das áreas mais pobres e perigosas, corremos perigo todos os dias, mas não podíamos deixar esses deslocados abandonados e sem assistência”, disse o fundador da organização, Amin Jubran, que também teve que deixar a sua casa devido à guerra.

O trabalho liderado por Jubran “é um exemplo de humanidade, compaixão e dedicação”, disse o alto comissário do ACNUR, o italiano Filippo Grandi, quando o prémio foi anunciado.

A organização iemenita também ajuda as mulheres deslocadas a defenderem-se sozinhas e reforma escolas para ajudar não apenas os deslocados, mas também as comunidades que acolhem estas pessoas.

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O ACNUR também concedeu cinco prémios regionais Nansen e, na América, o vencedor foi o hondurenho Jorge Santiago Ávila Corrales, diretor da organização Jovens Contra a Violência. Os prémios serão entregues numa cerimónia que em função da pandemia será virtual, pelo segundo ano consecutivo, no dia 04 de outubro, durante a reunião anual do Comité Executivo do ACNUR.

O prémio do ACNUR leva o nome do explorador norueguês e pioneiro na luta pelos direitos dos refugiados Fridtjof Nansen (1861-1930), o primeiro alto comissário internacional para a proteção deste grupo na Liga das Nações, organização internacional que precedeu a ONU.

Nos últimos anos, este prémio já foi atribuído à equipa de voluntários que na Grécia ajudaram a enfrentar a crise dos refugiados de 2016, à organização Mariposas de Alas Nuevas, pela assistência às mulheres deslocadas na Colômbia, e à ativista colombiana Mayerlín Vergara Pérez, da Fundação Renascer.