Na chegada à convenção do Partido Popular (PP) espanhol em Valência, a presidente da comunidade de Madrid, Isabel Díaz Ayuso, foi recebida com grande entusiasmo e com gritos de “presidenta, presidenta!”. No entanto, para esclarecer mal-entendidos numa altura em que existe grande especulação sobre o seu futuro político, Ayuso garantiu que não vai disputar a liderança dos conservadores com Pablo Casado.

“Hoje, quero dizer-te, Pablo, à frente de toda a gente, que sei perfeitamente onde é o meu lugar e que quero dar o melhor por Madrid”, afirmou Isabel Díaz Ayuso durante o seu discurso na convenção do PP, citada pelo El Mundo. “Precisamos que te tornes no presidente [do governo] de Espanha”, acrescentou.

O discurso da presidente da comunidade de Madrid era aguardado com grande expectativa, com a imprensa espanhola a especular qual o tom que a estrela da direita no país iria adotar. Depois de uma vitória esmagadora nas eleições regionais de maio, Isabel Díaz Ayuso gerou uma enorme onda de entusiasmo e contribuiu para que o PP subisse rapidamente nas sondagens, ultrapassando, inclusive, o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), de Pedro Sánchez, que atualmente chefia o executivo.

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Contudo, essa diferença tem vindo a diminuir nos últimos meses, e os conservadores não estão a conseguir descolar dos socialistas, embora continuem ligeiramente à frente. Por esse motivo, o nome de Isabel Ayuso começou a ser apontado à sucessão de Pablo Casado, e a forma como a presidente da comunidade de Madrid foi recebida na convenção do PP este sábado — como uma “estrela de rock”, na descrição do El País —, recebendo os maiores aplausos do dia, demonstra o entusiasmo em torno da madrilena.

Mas, ao contrário do que se poderia esperar, Ayuso aproveitou para pacificar o partido e garantir lealdade a Pablo Casado, que conhece desde que ambos fizeram parte do Nuevas Generaciones, a juventude do PP, no início dos anos de 2000.

“A minha meta é Madrid”, atirou Isabel Ayuso. “A vida é feita de eleições, e devemos escolher entre socialismo ou progresso, entre socialismo e liberdade. Entre Sánchez e Casado”, acrescentou a presidente da comunidade de Madrid, agradecendo a Pablo Casado as “oportunidades” que este lhe deu.

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O próximo congresso do PP está previsto para o primeiro semestre de 2022 e a convenção deste sábado em Valência era considerado um teste importante para a liderança de Pablo Casado, que, além das juras de lealdade da maior estrela da direita espanhola, conseguiu reunir à sua volta os principais barões do partido.

“Todos os presidentes autonómicos são leais e nós estamos aqui para somar. Não somos um partido de cotoveladas ou empurrões, deixamos isso para os outros”, afirmou Alberto Núñez Feijóo, presidente da Galiza. “O PP vai sempre mais longe quando está unido. O objetivo principal é expulsar Sánchez da Moncloa”, prosseguiu Juan Manuel Moreno Bonilla, presidente da Andaluzia.