A ex-atriz francesa Brigitte Bardot foi condenada esta quinta-feira a pagar uma multa de 20 mil euros por ter proferido insultos racistas contra os habitantes da ilha da Reunião, um território ultramarino francês no oceano Índico. “É a ilha do diabo” com uma “população degenerada”, que preserva os seus “genes selvagens” e que pratica “tradições bárbaras”, descreveu numa carta enviada ao delegado do governo local em 2019.

De acordo com o Le Parisien, a justiça francesa também aplicou uma multa de quatro mil euros ao assessor de imprensa da estrela do cinema francês, Bruno Jacquelin, que enviou a carta para o delegado da ilha da Reunião.

Tendo criado uma organização que defende os direitos dos animais, Brigitte Bardot indignou-se com as práticas da população hindu na ilha da Reunião, que mata cabras em rituais de sacrifício. Para a ex-atriz, isso representa “o canibalismo dos séculos passados” e mostra uma “população degenerada” que ainda continua a levar a cabo “tradições bárbaras ancestrais”.

As declarações da atriz de 87 anos geraram uma forte controvérsia em França e na própria ilha da Reunião. A ministra dos Territórios Ultramarinos, Annick Girardin, enviou uma carta à ex-atriz, sinalizando que “o racismo não é uma opinião”, mas antes um “crime”.

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Várias organizações, desde o SOS Racismo à Liga dos Direitos Humanos — juntamente com grupos religiosos e contando ainda com o apoio do deputado do partido França Insubmissa Jean-Hugues Ratenon —, apresentaram uma queixa contra Brigitte Bardot.

Após um forte mediatismo e pressão pública, a ex-atriz pediu desculpas pelas suas declarações, justificando a sua reação pelo que diz ser o “destino trágico” dos animais. Também a sua advogada, Maître Catherine Moissonier, sublinhou que o sofrimento das cabras é “uma realidade” na ilha da Reunião.

Brigitte Bardot foi uma das principais estrelas do cinema francês. Aos 38 anos, decidiu terminar a carreira de atriz, passando a dedicar-se à proteção dos animais.