Foi um dos momentos mais tensos nas relações entre o PSOE e o Unidas Podemos, mas que chegou a bom porto. Depois de avanços e recuos, os dois parceiros de coligação do governo espanhol chegaram a acordo na definição da lei laboral, informa o El Mundo.

O objetivo do Unidas Podemos era revogar as leis que pautavam as relações laborais desde o tempo de Mariano Rajoy, anterior presidente do governo do Partido Popular. Mas o PSOE olhava com desconfiança para uma das bandeiras do parceiro de coligação, temendo os efeitos que poderia ter nas contas públicas.

Pedro Sánchez apenas prometeu mudar algumas disposições, mas o parceiro de coligação — após uma forte insistência e uma dramatização da situação — conseguiu com que o presidente do governo voltasse atrás e se desse uma “derrogação”. Foi uma vitória (parcial) para o Unidas Podemos, que cumpre assim uma das suas principais bandeiras eleitorais.

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Porém, o presidente do governo espanhol traçou algumas linhas vermelhas. Se permitiu uma maior flexibilização na discussão da duração dos contratos e no papel dos sindicatos (cujas negociações ficam a cargo de Yolanda Díaz, ministra do Trabalho e vice-presidente, pertencente ao Unidas Podemos), Pedro Sánchez não tocou em assuntos como, por exemplo, os dias de indemnização por despedimento.

O resultado destas negociações foi que duas propostas para inviabilizar o Orçamento do Estado no Congresso dos Deputados foram chumbadas, com todo o espetro da esquerda a unir-se.

Agora, os parceiros de coligação terão de chegar a acordo na especialidade na discussão do documento. Se Sanchéz não deverá ter mais dores de cabeça com o Unidas Podemos, o cenário muda de figura quando se falam de outros partidos (como a Esquerda Republicana da Catalunha). Embora sendo mais pequenos, os seus votos são essenciais para conseguir que o Orçamento passe — e alguns também querem ver algumas reivindicações satisfeitas.

Pedro Sánchez e Yolanda Díaz chegaram a acordo durante um pequeno-almoço, esta terça-feira. Em comunicado citado pelo El País, o governo espanhol comprometeu-se a criar um “novo modelo de relações laborais para o século XXI”, que acompanhe o “processo de modernização da economia”, que será possível levar a cabo pelos “fundos europeus”.