Portugal e Grécia vão assinar um acordo de cooperação na área da proteção civil que permitirá partilhar experiências na prevenção e combate aos incêndios florestais, anunciaram esta terça-feira os ministros que tutelam esta área nos dois países.

“Nesta reunião concluímos o acordo sobre o memorando de entendimento e cooperação na área da proteção civil entre Portugal e Grécia e iremos agora, por via diplomática, combinar quando o iremos assinar com a máxima brevidade”, disse o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, no final de uma reunião com o ministro da Crise Climática e Proteção Civil da Grécia, Christos Stylianides.

Numa declaração conjunta no final da reunião, Eduardo Cabrita explicou que este acordo “permitirá partilhar experiências entre as estruturas nacionais de proteção civil“, colocando Portugal à disposição da Grécia a experiência dos últimos quatro anos e que contribuiu para “uma redução do número de incêndios e de área ardida”.

O ministro português frisou que os dois países têm “experiências comuns”, sustentando que o modelo português desenvolvido nos últimos quatro anos após os incêndios de 2017 tem de ser partilhado, tal como Portugal tem de aprender com a Grécia em outros domínios.

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Eduardo Cabrita avançou que o acordo vai também permitir trabalhar em conjunto, junto da União Europeia, no âmbito da aquisição de novos aviões de combate a incêndio.

A Grécia e Portugal já manifestaram a vontade de participar nesta compra conjunta de aviões de combate a incêndio canadair”, disse.

Segundo o ministro português, este acordo vai permitir a nível europeu “partilhar uma encomenda comum”, “partilhar meios aéreos que podem ser usados em toda a União Europeia e também ter uma melhor negociação”.

“Acreditamos que faremos uma melhor negociação se o fizermos à escala europeia e não Portugal ou a Grécia negociando isoladamente a aquisição de meios aéreos”, afirmou.

O ministro considerou ainda importante assinar este acordo porque Portugal e Grécia têm “problemas em comum”, designadamente são países afetados pelas alterações climáticas, mediterrânicos e onde se verifica “uma conjugação por vezes complexa entre áreas afetadas por incêndios florestais de grande dimensão e zonas com uma presença turística muito significativa“.

“Isso justifica uma cooperação bilateral entre os dois países”, sustentou.

Por sua vez, o ministro da Crise Climática e Proteção Civil da Grécia disse que os dois países enfrentam problemas idênticos, sendo por isso essencial que estejam juntos para os enfrentar.

Portugal e Grécia são realmente mais propensos a desastres naturais do que outros países europeus e é por isso que temos de avançar com esta excelente colaboração bilateralmente, mas também no quadro europeu”, sustentou Christos Stylianides, ex-comissário europeu para a Ajuda Humanitária e Gestão de Crises.

Eduardo Cabrita destacou o desempenho que teve enquanto comissário europeu: “Foi o comissário europeu responsável pela área da proteção civil e teve um papel decisivo no apoio a Portugal depois dos incêndios de 2017 e na reformulação do sistema europeu de proteção civil”.

Christos Stylianides está em Portugal para participar no Fórum Europeu para a Redução de Riscos de Catástrofes, que se realiza entre quarta-feira e sexta-feira em Matosinhos.