O casal de um espanhol e uma portuguesa, acusado hoje pelas autoridades neerlandesas de terem “violado” a quarentena e tentado “fugir” num voo para Espanha, nega ter escapado do hotel e afirma ter recebido autorização para partir, após dois testes negativos.

Carola Pimenta, 28 anos, e o espanhol Andrés Sanz, 30 anos, que vivem em Espanha, encontram-se “presos numa situação desumana, numa sala fria, sem informação” sobre o que vai acontecer, num hospital no norte dos Países Baixos, disse a portuguesa, citada pela agência espanhola Efe.

Segundo a mesma fonte, o casal tem sido “cooperativo em todos os momentos” e tem vindo a instar as autoridades sanitárias holandesas desde sábado a submetê-los a um novo [teste] PCR para despistar um possível falso negativo.

Além disso, explicou, ambos viajaram da África do Sul com um PCR negativo há menos de 24 horas. “Quando me disseram que o PCR que fizemos em Amesterdão era positivo, achei inacreditável, mas compreendi e perguntei sobre as regras que tinha de seguir. Mandaram-me para um hotel para quarentena e deixaram o meu parceiro vir comigo, apesar de ainda não ter recebido os seus resultados”, contou.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O resultado de Carola Pimenta chegou à meia-noite, mas Sanz não recebeu o seu — um resultado negativo — antes das primeiras horas da manhã, explicou.

“Foi estranho porque tínhamos estado juntos durante toda a viagem. Chamei o GGD (serviço municipal de saúde), expliquei a situação e pedi-lhes que nos testassem novamente porque poderia ser um falso positivo. Disseram-nos que não, que não existe tal coisa como um falso positivo”, acrescentou.

A polícia neerlandesa anunciou hoje que tinha detido um casal no aeroporto de Amesterdão, “depois de receber a informação de que duas pessoas tinham deixado o hotel onde estavam em quarentena (obrigatória) e que tencionavam deixar o país” e explicou que as tinha entregado às autoridades sanitárias.

A jovem tinha assinado um documento confirmando que tinha compreendido o protocolo a seguir e “dizia que se tivesse tido a covid-19 há menos de seis meses, teria de estar em quarentena durante três dias, e de qualquer modo já os tinha completado”, indicou.

Queixa-se de que foram “abandonados” desde o momento em que chegaram ao hotel e que ninguém lhes deu “sequer um termómetro” para monitorizar a sua temperatura, nem lhes perguntou como estavam ou se precisavam de informações de qualquer tipo, de acordo com a sua versão.

Quando o seu pedido de repetição da PCR não foi concedido, o casal solicitou ao representante do GGD no hotel um teste antigénio.

“Deram uma bicicleta a Andrés e disseram-lhe para ir comprar [os testes] ao supermercado, que podia sair porque não tinha dado positivo e que podia circular livremente. Foi tudo muito ridículo”, disse Pimenta.

Segundo a portuguesa, os dois testes deram negativo, pelo que falaram com o representante do GGD e um guarda do hotel para explicar a situação, mostrando-lhes os resultados de ambos os testes.

“E eles disseram-nos: ‘Se estivéssemos na vossa situação, sairíamos daqui’. Perguntámos-lhes se estavam a falar a sério e que se saíssemos arriscávamo-nos a arranjar problemas, e eles garantiram-nos que não. Assim, chamámos o táxi à sua frente, mostrámos-lhes o bilhete, levámos as nossas coisas e partimos para o aeroporto”.

Uma vez dentro do avião e depois de passar pelos controlos, apareceu um polícia, que – segundo a jovem – lhe disse que estava presa e que o seu companheiro podia “regressar ao seu país”, mas este decidiu não a deixar.

A portuguesa contou que os agentes levaram-nos numa carrinha da polícia para a esquadra e depois libertaram-nos sem acusação, embora uma ambulância os tenha levado para o hospital onde, de acordo com as autoridades, estão agora a fazer um “isolamento obrigatório” sob vigilância, até nova ordem.

Polícia dos Países Baixos detém portuguesa e espanhol que fugiram de quarentena em hotel