O Reino Unido está a alojar crianças refugiadas em hotéis ao longo da costa sul de Inglaterra, situação que a associação Children’s Society carateriza como “chocante”, já que o facto de os hotéis terem “cuidados e supervisão limitados” coloca as crianças num “risco inacreditável”. Marieke Widmann, conselheira da organização, relembrou que estes jovens “vulneráveis”​​ podem estar “assustados e angustiados depois de uma viagem inimaginavelmente traumática”. E acrescentou: “Temos conhecimento de que várias crianças já desapareceram”.

Estima-se que 250 crianças chegaram desacompanhadas, em pequenas embarcações e estão a ser levadas para hotéis. Em setembro, funcionários do ministério do Interior adiantaram que estavam a alojar 70 crianças em hotéis. A 23 de novembro, o governo anunciou que estava a traçar um plano para que este grupo de crianças fosse distribuído por diferentes autoridades locais. O governo “tem o dever de proteger todas as crianças e promover o seu bem-estar”, reiterou Widmann, citada pelo The Guardian.

Bridget Chapman, da Rede de Ação de Refugiados de Kent, admitiu estar “preocupada” e não ter sido informada desta situação. “As crianças estão a ser vigiadas por seguranças. Não sabemos se elas têm privacidade suficiente, se estão a ser apoiadas por assistentes sociais qualificados, nem por que jurisdição estão protegidas”, salientou. Questionou também por quanto tempo os jovens vão ficar hospedados em hotéis.

A advogada Rebecca Ives relatou que há crianças que permanecem nos hotéis durante mais de um mês. Levantou ainda a questão de quem deve ser o responsável legal das crianças: “A ministra do Interior está efetivamente a atuar como a representante legal destas crianças. O governo não tem poderes estatais para agir desta forma ou para alojar [crianças desacompanhadas à procura de asilo] em hotéis”.

Por sua vez, um porta-voz do governo salvaguardou que estão focados em garantir os melhores cuidados às crianças, enquanto procuram uma residência permanente para as mesmas. “Estamos determinados a acabar com o recurso a hotéis o mais rápido possível”, disse, acrescentando que estão também determinados a retificar as leis de um sistema de asilo “quebrado”.

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