Quatro antigos oficiais dos serviços de informações sérvios foram esta quinta-feira condenados a pesadas penas de prisão pelo assassinato em 1999 de Slavko Curuvija, um destacado jornalista e crítico do regime de Slobodan Milosevic.

Um tribunal especial condenou Radomir Markovic, antigo chefe da polícia secreta, e Milan Radonjic, responsável pelo serviço de Belgrado desta força, a 30 anos de prisão, informou a agência noticiosa Beta.

Dois outros agentes dos serviços de informações, um julgado à revelia, receberam penas de 20 anos de detenção.

De acordo com o site sérvio Cenzolovka, os quatro acusados foram reconhecidos culpados de terem assassinado a vítima “com o objetivo de proteger o regime”.

Todos tinham já sido condenados em 2019, mas o julgamento foi anulado pela justiça, que ordenou um novo processo. Esta nova deliberação é suscetível de recurso.

Slavko Curuvija, proprietário e chefe de redação de dois jornais independentes, foi uma das vozes críticas mais influentes na Sérvia durante a década de 1990, iniciada com o desmembramento da Jugoslávia federal e o início de um violento conflito.

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Em março de 1999 foi abatido a tiro frente à sua casa em Belgrado, durante a campanha de bombardeamentos da NATO contra a Sérvia, justificada pela repressão do regime de Milosevic à rebelião armada dos separatistas albaneses do Kosovo.

Alguns dias antes, media pró-governamentais tinham acusado o jornalista de 49 anos de “traidor”, por ter apelado à NATO que bombardeasse diversos objetivos na Sérvia.

Na Sérvia, diversos jornalistas conotados com a oposição são alvo frequente de intimidações por parte das autoridades.

O Presidente da Sérvia Aleksandar Vucic, que foi ministro da Informação de Milosevic, critica com regularidade os jornalistas nas suas intervenções públicas.

Em 2020, e segundo a associação dos jornalistas independentes da Sérvia, 32 jornalistas foram alvo de ataques físicos e cerca de 100 receberam ameaças.