Começam este domingo as conversações entre os EUA e a Rússia, em Genebra, com vista ao fim da tensão na fronteira entre a Rússia e a Ucrânia. Mas o processo não se avizinha fácil. Já este domingo, Moscovo disse que não vai fazer concessões perante a pressão norte-americana e avisou mesmo que o processo negocial pode acabar antes do previsto. Já Washington diz não esperar grandes alterações, segundo a Reuters.

O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Riabkov, que vai liderar a delegação russa naquela que se espera ser uma maratona de dois dias de reuniões, já avisou que o processo pode acabar antes da primeira reunião.

“Não posso descartar nada. Este é um cenário perfeitamente possível e os americanos não deveriam ter ilusões”, indicou, citado pela Reuters, acrescentando: “Naturalmente, não vamos fazer quaisquer concessões sob pressão”.

Do lado norte-americano, o sentimento de que pouco vai mudar é semelhante. “Não acho que vamos ver avanços na próxima semana”, disse à CNN o secretário de Estado norte-americano. Antony Blinken avisou que ainda há um risco de confronto, mesmo antes do arranque das negociações.

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Por um lado, “existe uma forma de diálogo e diplomacia para tentar resolver algumas dessas diferenças e evitar confrontos”, indicou Blinken. A alternativa, argumentou, “é o confronto e as consequências para a Rússia, se renovar a sua agressão contra a Ucrânia”.

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Blinken acredita, ainda assim, que é possível chegar a entendimento e apelou à Rússia  que se evite um “ambiente de escalada, com armas apontadas à Ucrânia”. E voltou a lembrar que haverá “consequência” caso seja feita nova “agressão” contra a Ucrânia, depois da anexação da Crimeia, em 2014.

Segundo a Reuters, os EUA estão preparados para discutir a possibilidade de cada lado restringir os exercícios militares. Mas não dão certezas.

“Para fazer progressos efetivos, é difícil ver isso a acontecer quando há uma escalada em curso, quando a Rússia tem uma arma apontada à cabeça da Ucrânia com 100.000 tropas perto da fronteira”, disse, desta vez à ABC News.

Os EUA acusam a Rússia de ter mobilizados milhares de soldados para a fronteira com a Ucrânia com a intenção de invadir o país. Mas Moscovo tem negado e assegura que está a responder ao que diz ser o comportamento provocador da aliança militar entre a NATO e a Ucrânia. A Rússia acredita que está em curso uma expansão da NATO na região.

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Para recuar, o país quer garantias dos EUA de que a NATO não vai receber a Ucrânia nem a Geórgia. Também quer limitar a instalação de mísseis perto das fronteiras. Washington, que exige a retirada total das tropas russas da fronteira com a Ucrânia,  tem mostrado resistência a algumas reivindicações e deixado a porta aberta noutras — por exemplo, na instalação de mísseis.

Não é certo, porém, qual será o alcance das negociações, havendo críticas quanto aos efeitos limitados do encontro, que não tem a presença da União Europeia nem da Ucrânia.

Na segunda-feira, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, vai reunir-se com o chefe da diplomacia da Ucrânia, Dmytro Kuleba. Na terça-feira, é a vez da NATO reunir com a Rússia.