A ministra regional de Saúde da província de Limpopo, na África do Sul, aconselhou, na quarta-feira, as estudantes a “abrir os livros e fechar as pernas”.
O comentário foi feito por Phophi Ramathuba durante uma visita à escola secundária de Gwenane, na vila de Sekgakgapeng, numa tentativa de desencorajar o abandono escolar e a gravidez na adolescência, conta a BBC.
Às jovens, eu digo: abram os livros e fechem as pernas. Não abram as vossas pernas, abram os vossos livros. Muito obrigado”, afirmou a ministra na visita que marcou o início do ano letivo no país.
Phophi afirmou ainda que as jovens estavam a ser ludibriadas por homens mais velhos, através de produtos luxuosos como perucas caras e smartphones.
Para a política da oposição, Siviwe Gwarube, o discurso da ministra foi “profundamente problemático”.
Esta era uma oportunidade de ter uma conversa importante com estas estudantes sobre o consentimento, em vez disso culpou-se as vítimas. Colocou-se uma pressão indevida nestas jovens”, afirmou a política.
‘To the girl child: open your books and close your legs’ – says the *Health* MEC. @PhophiRamathuba – this kind of narrative to young children is deeply problematic. Shifts responsibility to girl children to shoulder the burden of safe sex practices & rape culture. It’s rubbish. https://t.co/wBC3VXij74
— Siviwe Gwarube (@Siviwe_G) January 12, 2022
Ao jornal sul-africano Times Live, a ministra da Saúde explicou que o seu discurso foi retirado do contexto original, e afirmou que a mensagem era não só direcionada às jovens, mas também para os rapazes. “Eu disse aos jovens para se focarem na sua educação e não dormirem com as raparigas.”
Phophi Ramathuba considerou também que os seus eleitores na província de Limpopo “apreciaram a mensagem” que a política transmitiu na escola secundária. “Eles disseram-me que tinham medo de falar destas coisas, e agradeceram-me por ‘chamar os bois pelos nomes'”, afirmou.
Segundo um relatório da Stats SA sobre gravidez na adolescência, foram registados 33 899 partos em 2020 em mães com idade igual ou inferior a 17 anos. Destas jovens mães, 600 raparigas tinham idades entre os 10 e os 13 anos. O Departamento de Saúde da África do Sul registou 132 612 mães grávidas entre os 15 e os 19 anos em 2020, e no primeiro trimestre de 2021 este valor foi de 35 209 gravidezes.