A Johnson & Johnson (J&J) pode vir a suspender as vendas do seu pó de talco no mundo inteiro, depois de uma investigação ter revelado, em 2018, que o produto poderia ter ligações a casos de cancro.

Para além das vendas do pó de talco terem começado a cair depois de investigadores terem detetado amianto numa amostra, a farmacêutica enfrenta agora mais de 34 mil processos judiciais. Fazem parte destes mulheres que afirmam ter desenvolvido cancro dos ovários após a utilização do produto, escreve o The Guardian.

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O voto de suspender em todo o mundo o pó de talco foi proposto pela Tulipshare, uma plataforma de investimento, sediada em Londres, que visa “promover mudanças éticas”. A proposta foi submetida ao Comité de Títulos e Câmbios dos EUA (SEC) para considerar se é elegível antes da reunião anual da J&J, prevista para Abril.

A J&J nega veementemente que o seu pó de talco seja nocivo e afirma que só suspendeu o produto nos Estados Unidos e no Canadá, em 2020, após uma queda nas vendas “alimentada por desinformação em torno da segurança do produto”.

“Estamos por detrás das substâncias que usamos nos nossos produtos, e a Johnson & Johnson dispõe de um padrão de testes rigorosos para garantir que o nosso talco cosmético é seguro”, afirma um porta-voz, acrescentando que não existe uma fundamentação científica válida para as suspeitas.

Os advogados da J&J escreveram à SEC pedindo-lhe que excluísse a resolução dos acionistas como inelegível porque afetaria processos judiciais pendentes em tribunais estaduais e federais nos EUA e noutros países, incluindo “milhares de alegações de danos pessoais alegando que o talco causa cancro”.

A J&J já gastou milhões em acordos e indemnizações. Em outubro de 2016, Deborah Giannecchini recebeu 70 milhões de dólares [50,7 milhões de euros]. No ano passado, também passou as responsabilidades para uma empresa separada, que acabou por abrir falência.

Mulher recebe 50 milhões depois de dizer que o pó de talco da Johnson’s lhe causou cancro

Ian Lavery, político do Partido Trabalhista britânico, congratulopu-se com a proposta de voto dos acionistas. “É chocante como é que produtos que podem causar doenças graves, devido à presença de amianto, ainda estejam disponíveis para compra no Reino Unido, ou em qualquer outro lugar do mundo”, disse.