O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse esta quarta-feira que o líder da minoria republicana no Senado não fala em nome do partido, depois de Mitch McConnell ter criticado republicanos que desvalorizam o ataque ao Capitólio.

Na terça-feira, McConnell posicionou-se entre os críticos à censura aplicada pelo partido aos dois congressistas que integram a comissão de investigação da Câmara dos Representantes ao ataque ao Capitólio, ocorrido em 6 de janeiro de 2021. Em comunicado, Trump referiu que McConnell “não fala pelo Partido Republicano”.

Tal como Trump, que desvalorizou o ataque protagonizado por apoiantes seus ao Capitólio e que resultou em cinco mortos, também o Partido Republicano seguiu uma postura semelhante e votou durante um congresso na semana passada uma moção de censura contra os congressistas Liz Cheney e Adam Kinzinger.

Estes dois republicanos fazem parte do painel que investiga não apenas a conduta de Trump em 6 de janeiro, quando este apelou à multidão para “lutar incessantemente” contra o resultado eleitoral, mas também os esforços do ex-presidente, meses antes, na contestação da derrota eleitoral face a Joe Biden ou na obstrução a uma transição pacífica de poder.

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Perante divisões entre os republicanos, os democratas têm aproveitado para lembrar a responsabilidade do partido. A presidente democrata da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, referiu hoje que o Partido Republicano “não se pode esconder” do que aconteceu em 6 de janeiro de 2021. “Eles parecem ter chegado ao fundo do poço” com a resolução de censura, acrescentou.

A resolução saída do Comité Nacional Republicano (CNR) acusa também a comissão de investigação de liderar uma “perseguição de cidadãos comuns envolvidos em discursos políticos legítimos“.

Estas palavras provocaram indignação entre os democratas e uma firme reação por parte de vários senadores do Partido Republicano.

Foi uma insurreição violenta com o objetivo de tentar impedir a transferência pacífica de poder, após uma eleição legitimamente certificada de um governo para o outro“, defendeu também Mitch McConnell na terça-feira.

O líder da minoria republicana no Senado garantiu ter confiança na presidente do Comité Nacional Republicano, Ronna McDaniel, mas questionou se o CNR deve ou não “isolar” membros que têm opiniões diferentes da maioria.

Na redação da moção de censura aos dois congressistas era referido o ataque ao Capitólio como um “discurso político legítimo”, embora a líder do CNR tenha negado esta associação. McDaniel explicou que aquela frase era relativa a outras ações tomadas pela comissão de investigação do ataque ao Capitólio, embora a redação não aponte essa distinção.

Um dos alvos da moção, Liz Cheney, realçou na segunda-feira que tem recebido “um enorme apoio” após a decisão do Partido Republicano.

“Acho que todos os norte-americanos que assistiram ao ataque sabem que foi realmente vergonhoso sugerir que o que aconteceu naquele dia pode ser um discurso político legítimo“, sustentou.

Poucos republicanos defenderam abertamente a moção de censura aplicada pelo partido.

A deputada nova-iorquina Elise Stefanik, terceira republicana na Câmara dos Representantes, lembrou que o partido tem o direito de tomar qualquer ação e que, em última análise, são os eleitores que responsabilizam os políticos. “Nós vamos ouvir o “feedback” e as opiniões dos eleitores muito rapidamente, este ano”, atirou.

Já o senador do Texas, Ted Cruz, considerou que o papel de Cheney e Kinzinger no painel de investigação “não ajuda”.