O presidente do Partido Popular espanhol, Pablo Casado, está a preparar-se para anunciar a sua saída da liderança do partido nas próximas horas. A informação, avançada pelo jornal ABC, surge no meio da polémica que se arrasta há dias no seio do PP e que opõe Casado e a sua direção à presidente da região de Madrid, Isabel Díaz Ayuso, do mesmo partido.

Segundo o ABC, que cita fontes próximas do presidente do PP, Casado estará a pensar junto do seu “círculo mais íntimo” na fórmula com que anunciará que abandona a liderança. Não é, aliás, a primeira demissão no seio do PP desde que rebentou o escândalo que envolve Casado e Ayuso, mas o desfecho que muitos analistas e políticos antecipavam nos últimos dias: só haveria espaço para um dos dois protagonistas dentro do partido.

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Casado vs Ayuso, quem vai vencer a guerra no PP?

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De acordo com o ABC, a quantidade de demissões no seio do partido (entre outras, do porta-voz nacional e da presidente da Comissão Eleitoral) e as vozes que pediam cada vez mais alto a convocação de um congresso extraordinário do PP fizeram estragos na direção, “até ontem” convencida de que a tempestade política passaria. Mas, ao que parece, mudou de ideias.

O escândalo dentro do PP começou quando há dias foi noticiada uma investigação interna que o próprio partido estaria a fazer a Isabel Díaz Ayuso, que ainda há meses era celebrada no partido como uma estrela em ascensão, depois de ter conquistado a governação de Madrid e ficado à beira da maioria absoluta. Em causa estariam suspeitas de ter interferido na atribuição de um contrato para compra de máscaras a uma empresa — contrato esse em que o seu irmão seria intermediário e teria recebido uma comissão.

Contratos fraudulentos e acusações de espionagem: o PP espanhol está a implodir. O que aconteceu?

Ora Ayuso, que soube dos rumores que apontavam que o partido não só a estava a investigar como teria contratado, ou tentado contratar, detetives para esse efeito, fez uma conferência de imprensa explosiva, na semana passada, em que denunciava a conduta “cruel” da direção do seu partido e dizia estar a ser vítima de uma “fabricação” para a prejudicar politicamente.

No meio de muitas análises que apontavam para o que seria, na realidade, uma luta pelo poder dentro do PP, a direção do partido reagiu garantindo que iria abrir um processo interno à presidente de Madrid e que ponderaria mesmo agir por via legal, uma vez que considerava as acusações de Ayuso “quase criminosas”.

Entretanto, Ayuso já veio defender que o contrato, pelo qual o irmão terá recebido honorários e não uma comissão, num valor bastante mais baixo do que tinha sido noticiado (um valor a rondar os 55 mil euros e não os 268 mil), não teria “nada de ilegal” nem teria sido adjudicado por sua interferência, tendo esta segunda-feira anunciado que vai entregar os documentos relativos ao negócio à Justiça.

Esta terça-feira, Pablo Casado convocou uma reunião da direção nacional do partido, para o dia 1 de março, com o objetivo de aprovar a celebração do Congresso Nacional.