O presidente da Câmara de Lisboa apelou esta sexta-feira à solidariedade das unidades hoteleiras para o alojamento de refugiados ucranianos, uma vez que o centro de acolhimento de emergência montado num pavilhão desportivo destina-se apenas a uma ajuda imediata.

“Hoje temos realmente uma onda de solidariedade também muito grande […], deixo também um apelo às unidades hoteleiras, nós já temos algumas unidades hoteleiras que nos estão a ajudar, para depois poder dar mais conforto às pessoas”, afirmou Carlos Moedas (PSD), à margem de uma visita ao centro de vacinação contra a Covid-19 na Feira Internacional de Lisboa (FIL).

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O centro de acolhimento de emergência de refugiados ucranianos em Lisboa, instalado num pavilhão desportivo da Polícia Municipal, na freguesia de Campolide, “está pronto” para entrar em funcionamento, com 100 camas preparadas pela Cruz Vermelha Portuguesa, mas ainda não foi identificada essa necessidade, pelo que continua a aguardar a chegada de quem necessita de assistência, em articulação com a embaixada da Ucrânia em Portugal.

Questionado sobre quantos refugiados ucranianos chegaram até esta sexta-feira à cidade de Lisboa, o autarca disse que ainda não dispõe desses números, passando a palavra para a diretora do Serviço Municipal de Proteção Civil, Margarida Castro Martins, que é a responsável pela equipa de missão criada para ajudar os ucranianos na capital portuguesa.

“Chegam todos os dias, portanto vão chegando, e à medida que vão chegando, neste momento, nós alojamos 17 pessoas, temos mais nove de um grupo, mais 14 de outro grupo, mais cinco, portanto, é muito difícil dar números concretos”, indicou Margarida Castro Martins, assegurando o acompanhamento dos refugiados ucranianos que estão a chegar à cidade de Lisboa.

No âmbito do apoio às famílias ucranianas, o presidente da Câmara de Lisboa ressalvou que o centro de acolhimento de emergência pretende ser uma resposta temporária: “As pessoas vão lá estar o menor tempo possível”.

Carlos Moedas explicou ainda que esse espaço de acolhimento de emergência tem a capacidade que “em muitas cidades ainda não existe”, para que alguém que chegue da Ucrânia consiga ter no mesmo sítio “uma via verde” para cuidados de saúde e para formalização dos pedidos de proteção internacional, inclusive acesso imediato ao número de Segurança Social e ao Número de Identificação Fiscal (NIF), assegurando também alimentação e apoio psicossocial.

“Mas, depois as pessoas dali irão para outras soluções, que algumas podem ser da câmara“, apontou o autarca, realçando o movimento solidário que existe em Lisboa para ajudar o povo ucraniano.

O apelo às unidades hoteleiras na cidade de Lisboa é para que possam contribuir no alojamento dos refugiados ucranianos, porque no centro de acolhimento “não podem ficar […] muitos dias”, por se tratar de uma resposta de emergência, acrescentou.

“É um centro realmente de acolhimento, de dar as primeiras indicações, de ajudar naquele conforto às próprias crianças, à família e, depois, dali seguirem para uma solução mais estruturada”, frisou o presidente da Câmara de Lisboa.

Na quinta-feira à noite, Carlos Moedas visitou o centro de acolhimento de emergência de refugiados ucranianos com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e a embaixadora da Ucrânia em Portugal, Inna Ohnivets.

Anunciado na segunda-feira, o plano da Câmara de Lisboa de apoio às famílias ucranianas inclui a abertura do refeitório municipal de Monsanto para apoiar cidadãos retidos na capital portuguesa e a criação de um centro de acolhimento de emergência para refugiados num pavilhão da Polícia Municipal.

Para todos os ucranianos que precisam de ajuda e para todos os que querem ajudar, o município disponibilizou a linha telefónica 800 910 111 e o endereço de email sosucrania@cm-lisboa.pt, estando a decorrer no edifício dos Paços do Concelho a recolha de bens essenciais, num esforço conjunto da Câmara de Lisboa e das 24 juntas de freguesia da cidade.

Segundo revelou esta sexta-feira à Lusa o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), 1.158 pessoas já pediram proteção temporária a Portugal desde o início da invasão russa à Ucrânia.

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