O Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky já falou ao país esta noite — como tem vindo a ser habitual, fê-lo através de um vídeo. E voltou a pedir aos países ocidentais e da NATO que forneçam “aviões, tanques, sistemas de defesa anti-mísseis e armamento anti-navios” à Ucrânia.

“É isto que os nossos parceiros têm. É isto que está coberto de pó nas suas instalações de armazenamento”, denunciou. Defendendo que o combate que está a ser travado na Ucrânia “não é apenas pela liberdade na Ucrânia, mas pela liberdade na Europa”, Zelensky notou: “Não pode ser aceitável para ninguém no continente [europeu] que os países bálticos, Polónia, Eslováquia e todo o leste da Europa estejam em risco de ter de lutar contra invasores russos”.

Lembrando que pediu “apenas 1% dos meios aéreos e tanques da NATO“, Zelensky acrescentou: “Há 31 dias que estamos à espera. Portanto, quem lidera a comunidade euro-atlântica? Ainda é Moscovo, graças à intimidação?”

“Os parceiros têm de acelerar o seu apoio à Ucrânia. São estas as palavras: os parceiros têm de o fazer! Porque está em causa a segurança da Europa”, prosseguiu o Presidente ucraniano.

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Zelensky disse ainda que este sábado esteve em contacto com as forças ucranianas que tentam defender Mariupol das tropas russas — e que está em “contacto permanente” com esses soldados. “A determinação, o heroísmo e a resistência deles são impressionantes. Estou grato a cada um deles. Gostava que pelo menos uma percentagem da coragem dessas pessoas fosse passada àqueles que estão há 31 dias a pensar sobre como podem transferir uma dezena ou duas de aviões ou tanques…”

Entrevista ao casal de médicos que conseguiu sair de Mariupol. “Fugimos do Inferno. Tropeçava-se em cadáveres na rua”

Voltando a Mariupol, Zelensky apontou: “Hoje, falámos novamente com o nosso exército em Mariupol, com os nosso heróis que defendem esta cidade, em russo. Isto porque não há qualquer problema de idioma [com a utilização do idioma russo] na Ucrânia e nunca o houve”.

“Mas agora vocês, ocupantes russos, estão a criar este problema. Estão a fazer de tudo para que o nosso povo decida deixar de falar russo. Porque o idioma russo vai ficar associado a vocês, apenas a vocês, com todas estas explosões e mortes, com os vossos crimes. Estão a deportar as vossas próprias pessoas, são os responsáveis por isso”, referiu também.

Acusando também as forças russas de “raptarem e manterem cativos os nossos presidentes de câmara e ativistas ucranianos”, Zelensky acrescentou: “O idioma russo foi sempre parte da vida diária no leste do nosso Estado, tal como o idioma ucraniano. E é aí que estão a deixar cidades que viviam em paz em verdadeiras ruínas. É a própria Rússia que está a fazer tudo para garantir a desrussificação nos territórios do nosso Estado. São vocês que o estão a fazer”.

Aos líderes europeus, Zelensky insistiu pedindo para ouvirem a opinião das pessoas, que estão solidárias com a Ucrânia. Mas não apenas: “Se não quiserem ouvir a opinião das pessoas, então oiçam o som dos ataques aéreos de mísseis russos a atingir localidades mesmo ao lado da fronteira polaca. Estão à espera para ouvir o rugido dos tanques russos?”

Na mensagem, Zelensky compara ainda as ações da Rússia na Ucrânia ao modus operandi da Alemanha Nazi: “As tropas russas recebem ordens para destruir tudo o que torna a nossa nação numa nação: o nosso povo, a nossa cultura. Foi exatamente assim que os nazis tentaram capturar a Europa há 80 anos. É exatamente assim que os ocupantes agem na Ucrânia. Ninguém lhes perdoará. Serão responsabilizados, tal como há 77 anos. O mais provável é desta vez não o serem em Nuremberga, mas o significado será semelhante”.