O ex-embaixador e antigo ministro dos Negócios Estrangeiros António Monteiro considera que os dez funcionários expulsos esta terça-feira da embaixada russa em Lisboa podiam ser “espiões”, podendo levar a cabo atividades consideradas como um “atentado à segurança nacional”. Esta terá sido a “razão” pela qual o Governo os declarou persona non grata, admite.
Em declarações à Rádio Observador, António Monteiro não descartou que a Rússia possa vir a retaliar esta expulsão de dez funcionários. “A Rússia está a sentir um progressivo isolamento do corpo diplomático e político”, apertando-se o “cerco” em relação à “reprovação universal de que a Rússia está a ser alvo pela agressão injustificada à Ucrânia”.
O ex-MNE rejeita ainda a ideia de que esta ação seja contraproducente para as negociações de paz. “É uma manifestação dos países que sentem que têm de tomar essas medidas para cada vez mais dar a sensação de isolamento político e diplomático da Rússia”, defendeu, acrescentando que “não prejudica em nada” o eventual processo negocial entre russos e ucranianos.
“Trata-se apenas de uma reação bilateral, são decisões tomada cada país por si, não é uma decisão coletiva”, apontou António Monteiro, que espera agora pela “reação russa”, que deverá negar que tenha desenvolvido “qualquer atividade que ponha em perigo a segurança nacional”.
Os dez funcionários da embaixada russa serão técnicos que “cobrem diferentes setores” em “diferentes tipos de atividade”, explicou o antigo diplomata.
