O chefe da diplomacia francesa, Jean-Yves Le Drian, questionou esta sexta-feira a versão das autoridades malianas em que afirmam ter “neutralizado” 203 combatentes islâmicos em Moura (centro), onde testemunhos relatam a execução em massa de civis pelo exército maliano.

“As autoridades de Bamaco anunciam 200 terroristas mortos, sem vítimas civis. Acho difícil acreditar, acho difícil entender, acho difícil aceitar essas explicações“, disse o chefe da diplomacia francesa em declarações à estação pública de televisão France 5.

“Precisamos de uma investigação das Nações Unidas e estamos a pedir isso. É o papel das Nações Unidas fazer essa investigação (…) exceto que neste momento não têm direito de acesso à área central onde esses abusos foram cometidos a priori“, acrescentou.

As dúvidas de Le Drian foram expressas no mesmo dia em que Moscovo felicitou as autoridades malianas pela “importante vitória” contra o “terrorismo” e descreveu como “desinformação” as alegações do massacre de civis pelas forças malianas, e em que terão também participado mercenários russos do grupo privado Wagner, com sede na Rússia.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O Exército maliano e testemunhas ouvidas pela imprensa ou pela organização não-governamental Human Rights Watch (HRW) apresentam versões diametralmente opostas dos acontecimentos ocorridos entre 27 e 31 de março em Moura, numa região que é um dos principais focos de violência do Sahel.

O Exército diz que “neutralizou” 203 combatentes islâmicos durante uma grande operação. As testemunhas citadas relatam uma massa de execuções sumárias de civis, estupros e saques cometidos por soldados malianos e combatentes estrangeiros supostamente russos.

A ONU exige uma investigação independente ao sucedido e lamenta a falta de resposta a este respeito por parte de Bamaco.