Os treinos ainda não tinham começado e Miguel Oliveira recuperara um sorriso que surgiu rasgado após a vitória no Grande Prémio da Indonésia na segunda prova do Mundial mas que se foi perdendo depois nas semanas seguintes: a viagem que fez entre Portimão e o Autódromo Internacional do Algarve começou por ter alguns motards, conheceu de seguida mais alguns interessados e no final era quase um quadro com centenas de fãs do piloto português que deixou o próprio surpreendido quando olhou para trás.

“É diferente ter tantos fãs e partilhar a pista nas suas motos. É um momento único para eles, poder começar nas ruas de Portimão e acabar aqui no Autódromo. Foi uma volta fora do comum, uma volta pelo prazer. Há sempre vontade de acelerar quando se entra numa pista com esta moto. Esperamos sempre ter boa adesão, mas tão boa… Não queria acreditar! Olhar para trás e ver motos e motos…”, reconheceu o piloto da KTM, num momento muito acompanhado também pela própria organização do MotoGP.

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Melhor contexto para a redenção seria complicado mas era agora nas pistas que viria a resposta ao momento do português, da moto e da capacidade de preparar um fim de semana que pudesse apagar um arranque em falso nas provas que não a vitória na Indonésia, entre a desistência no Qatar, o 13.º lugar na Argentina e a 18.ª posição nas Américas. E esse era o grande objetivo de Miguel Oliveira, que entre três provas no Algarve tinha conhecido outras tantas realidades distintas como a vitória, um lugar fora dos pontos e a desistência e procurava agora dar mais uma alegria a todos os adeptos nacionais presentes.

Miguel Oliveira procura nova alegria em casa

“O início do campeonato não foi o que esperávamos, pois queríamos estar dentro do top 10 e mais próximos do top 5. Apesar disso, a motivação está em alta. Sendo um Grande Prémio caseiro, podemos começar de novo. Queremos encontrar a velocidade que tivemos no passado e tentar ser competitivos aqui em Portugal outra vez. Sentimos que temos diferentes ferramentas para trabalhar aqui, a moto está a funcionar bem. Só precisamos de ser rápidos a adaptar-nos à situação da pista, ao tempo, aos níveis de aderência, a ter a mentalidade certa no momento certo do treino para atacar. Este é o melhor plano mas todos no pelotão são rápidos, todos têm planos parecidos. Vejamos como começa mas depois da tarde de sábado será importante estar no topo”, comentara o português no lançamento dos treinos livres.

A primeira sessão de treinos, realizada esta manhã, confirmou essas boas sensações do português. Apesar de ter feito apenas o quinto melhor tempo e na oitava de 20 voltas, com 1.51,223 realizados com a pista molhada e um conjunto de pneus macios, Miguel Oliveira mostrou-se confortável na moto, manteve vários minutos o segundo registo só atrás do espanhol Marc Márquez e pareceu em algumas fases estar mais a fazer testes do que propriamente a correr preparando aquela que seria a segunda sessão. À frente do piloto da KTM ficaram assim Márquez (1.50,666), Joan Mir (1.51,031), Marco Bezzecchi (1.51,136) e Johann Zarco (1.51,170), com Brad Binder a não ir além do 11.º lugar e Enea Bastianini com o 14.º registo.

As condições da primeira sessão de treinos do Moto2 e o adensar das nuvens no Algarve deixavam antever condições mais complicadas para a segunda sessão do MotoGP, que teve em mais de metade do tempo o piso ainda mais molhado e escorregadio do que de manhã o que levou a mais algumas quedas de Pecco Bagnaia e Marco Bezzecchi (neste caso mais aparatosa) e à permanência de muitos tempos como os melhores no conjunto combinado de sessões. O único a conseguir andar mais rápido foi mesmo o espanhol Pol Espargaró, o melhor dos TL2 (1.50,707) e que assegurou vaga entre os dez melhores tempos do dia dando uma dobradinha 1-2 à Honda e deixando Miguel Oliveira com o sexto registo combinado.