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Sérgio sempre disse que eram eles contra tudo e todos. No fim, foi Zaidu contra o mundo (a crónica do Clássico que fez do FC Porto campeão)

Este artigo tem mais de 1 ano

Sérgio Conceição sempre defendeu a ideia de que o FC Porto iria ser campeão contra tudo e contra todos. Na Luz, foi Zaidu contra o mundo. E os dragões são campeões nacionais pela 30.ª vez na história.

O lateral nigeriano marcou o único golo da partida já nos descontos
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O lateral nigeriano marcou o único golo da partida já nos descontos

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

O lateral nigeriano marcou o único golo da partida já nos descontos

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

Foi a 3 de abril de 2011. Na altura, um golo de Guarín e outro de Hulk foram o suficiente para anular a resposta de Saviola e ver o FC Porto derrotar o Benfica para se tornar matematicamente campeão nacional em pleno Estádio da Luz. Passaram mais de 11 anos: e este sábado, se os dragões procuravam repetir a glória, os encarnados não queriam abdicar da manutenção da honra.

As contas eram simples: o FC Porto só precisava de não perder com o Benfica para se sagrar campeão nacional na Luz e, mesmo se perdesse, podia ainda esperar por um eventual deslize do Sporting com o Portimonense para festejar a uma jornada do fim do Campeonato. Para Sérgio Conceição, os 90 minutos na Luz significavam a reconquista do título, a confirmação da lógica de nós contra o mundo que foi veiculada ao longo de toda a temporada e a melhor oferenda possível no 40.º aniversário da liderança de Pinto da Costa; para Nélson Veríssimo, os 90 minutos na Luz significavam a despedida de casa no comando da equipa principal, a eventual silver lining de uma época quase vazia e a necessidade de não permitir que um dos principais rivais voltasse a festejar em Lisboa.

Ficha de jogo

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Benfica-FC Porto, 0-1

33.ª jornada da Primeira Liga

Estádio da Luz, em Lisboa

Árbitro: Luís Godinho (AF Évora)

Benfica: Vlachodimos, Gilberto, Otamendi, Vertonghen, Grimaldo, Weigl, Taarabt, Lázaro (João Mário, 73′), Gonçalo Ramos (Yaremchuk, 73′), Gil Dias (Seferovic, 61′), Darwin

Suplentes não utilizados: Helton Leite, Meïté, André Almeida, Tiago Gouveia, Paulo Bernardo, Morato

Treinador: Nélson Veríssimo

FC Porto: Diogo Costa, João Mário, Mbemba, Pepe, Zaidu, Grujic, Vitinha (Stephen Eustáquio, 87′), Otávio, Pepê, Evanilson (Galeno, 64′), Taremi (Toni Martínez, 87′)

Suplentes não utilizados: Marchesín, Fábio Cardoso, Francisco Conceição, Wendell, Bruno Costa, Fábio Vieira

Treinador: Sérgio Conceição

Golos: Zaidu (90+4′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Gil Dias (16′), a Gonçalo Ramos (24′), a Grujic (30′), a Pepe (40′), a Darwin (53′), a Lázaro (62′), a Otamendi (71′), a André Almeida (71′), a Taremi (80′), a João Mário (82′), a Weigl (84′), a Yaremchuk (90′), a Gilberto (90+6′)

“Nós preparamos o jogo; depois, tudo o resto não é assim tão importante. Preparámos o jogo com entusiasmo e não com euforia, são coisas diferentes. Passámos por essa análise ao Benfica nos diferentes contextos, competições, onde a postura foi diferente. Cabe-nos olhar para isso mas, principalmente, para a nossa equipa. Temos de olhar para a nossa tarefa, porque é um jogo importante, exatamente como todos os outros que passaram”, disse o treinador dos dragões. “Em vários momentos ao longo da época, e nós temos consciência de que foi uma má época, os adeptos mostraram que podem fazer a diferença. Sentimo-lo em vários momentos na Luz, assim como nas deslocações que tivemos. Amanhã [sábado] também vão fazer essa diferença. Apelamos a que venham para ver a equipa, para ajudar, e que possam fazer a diferença”, disse o treinador dos encarnados.

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Assim, no onze inicial, Nélson Veríssimo era forçado a responder à lesão pré-anunciada de Rafa e às ausências de última hora de Everton e Diogo Gonçalves: Gil Dias e Lázaro eram ambos titulares no apoio a Gonçalo Ramos e Darwin, com Taarabt a fazer dupla com Weigl no meio-campo. Do outro lado, Sérgio Conceição surpreendia pouco, tirava Fábio Vieira do onze inicial para colocar Pepê no ataque e João Mário na direita da defesa e lançava Grujic no setor intermédio, já que Uribe sofreu uma recaída e estava novamente de fora dos convocados.

Os instantes iniciais mostraram desde logo qual seria a dinâmica da partida: o Benfica tinha mais bola, essencialmente consentida pelo FC Porto, e os dragões iam tentando gerir os contra-ataques encarnados e sair em transição rápida para provocar os estragos possíveis. A equipa de Nélson Veríssimo explorava principalmente a ala esquerda, onde Lázaro ia dando muito trabalho a João Mário, mas o jovem lateral dava respostas à altura e não permitia grandes incursões ao austríaco.

O primeiro lance mais perigoso surgiu já à passagem do quarto de hora inicial, quando Taremi apareceu na cara de Vlachodimos depois de um enorme passe de Otávio e obrigou o guarda-redes a uma intervenção atenta (15′). Evanilson voltou a rematar no pontapé de canto consequente, com Vlachodimos e encaixar (15′), e as duas situações acabaram por ser o grande oásis no deserto que foi a primeira parte na Luz. Diogo Costa ainda foi chamado a responder a uma jogada em que um desvio de Zaidu a um pontapé de Darwin causou calafrios (19′) mas, a partir daí, o jogo perdeu todas as características e entrou num loop de quezílias, discussões, faltas e cartões amarelos.

Até ao intervalo, sem que qualquer golo agitasse o resultado, a posse de bola foi dividida a meio-campo e com poucas aproximações às balizas. O Benfica continuava a tentar explorar a transição rápida, procurando sempre a superioridade numérica e a velocidade de Darwin, enquanto que o FC Porto prolongava a estratégia de impor um ritmo baixo e cauteloso na partida — até porque os dragões pareciam algo nervosos, preocupados com o decisivo resultado final, entre passes errados e decisões pouco acertadas. Certo é que, a empatar na Luz ao intervalo, a equipa de Sérgio Conceição estava a 45 minutos de se sagrar campeã nacional.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do Benfica-FC Porto:]

O FC Porto entrou com outra energia para a segunda parte e poderia ter inaugurado o marcador logo nos instantes iniciais, com Evanilson a obrigar Vlachodimos a voar com um remate de fora de área (46′). O Benfica parecia ter mudado de estratégia, apostando agora num futebol mais direto que procurava Darwin na grande área, e não demorou muito a retirar dividendos da decisão: o uruguaio recebeu de Otamendi, tirou Mbemba da frente depois de uma enorme receção e atirou cruzado para bater Diogo Costa (52′). O golo, porém, foi anulado por fora de jogo do avançado após análise do VAR.

Nélson Veríssimo mexeu à passagem da hora de jogo, trocando Gil Dias por Seferovic e colocando o avançado suíço enquanto referência ofensiva, e Sérgio Conceição respondeu ao lançar Galeno para o lugar de Evanilson. O avançar do relógio culminava também com o regresso do FC Porto a uma lógica mais cautelosa e de maior solidez e preocupação defensiva, enquanto que os encarnados continuavam a procurar a profundidade — ainda que sem grande discernimento ou especial clarividência.

A partida arrastou-se no último quarto de hora, com um remate de Vitinha (86′) e um livre direto de Grimaldo (89′) a serem os lances de maior perigo, e o único golo do jogo surgiu quando os adeptos do FC Porto já só precisavam da uma confirmação para a alegria: Pepê conduziu o contra-ataque, tocou para Zaidu à entrada da grande área e o lateral, feito herói improvável, atirou para carimbar a vitória dos dragões na Luz e a conquista da Primeira Liga (90+4′).

O FC Porto fez mais do que aquilo de que precisava, venceu o Benfica num jogo onde foi sempre mais cauteloso do que assertivo e sagrou-se campeão nacional pela 30.ª vez na história, sucedendo ao Sporting na conquista do Campeonato. Sérgio Conceição sempre disse, ao longo de toda a temporada, que o FC Porto iria ganhar a Primeira Liga contra tudo e contra todos. No fim, no Clássico decisivo, foi Zaidu contra o mundo.

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